Autor Data 27 de Novembro de 1975 Secção Competição Policiário nº 7 Publicação Mundo de Aventuras [113] |
QUANDO A CERVEJA FERMENTA… Bispo Negro O
senhor Edmundo Ferreira, era um ex-inspector da P. J., agora reformado, e que
se dedicara a escrever as suas memórias de inspector diário. Ia
começar um novo capítulo, quando soaram no relógio de parede as 20 horas…
Lembrou-se naquele momento de um caso passado, também relacionado com um
relógio de parede… e passou-o para o papel. «Lembro-me
bem, foi no dia 15 de Dezembro de 1953. Fui
chamado pelo telefone cerca das 21 h., tinha sido encontrado o cadáver de um
sócio de uma fábrica de cerveja, ele tinha prosperado nos negócios e
enriquecido. A
casa do senhor Inácio (como se chamava o morto), ficava em frente do quartel
da guarda (que era uma das atracções da vila), onde se efectuava a rendição às
20,30 h., e que era de uma grande beleza e cor. Fui
conduzido à casa onde se tinha efectuado o assassínio, por um sargento meu
ajudante. A casa já estava cercada pela Polícia, que tentava conter a multidão. Ao
entrar na casa, o capitão que dirigia as operações no lugar, levou-me ao
escritório onde se encontrava o cadáver. Lá
dentro havia sinais de luta, o cofre de parede arrombado… continha 76 contos
em dinheiro, um livro de contas da casa e algumas jóias. O relógio de parede
tinha sido atingido por um cinzeiro, durante a luta, e tinha parado às 20,38
horas. Na
casa só se encontravam: uma criada, o jardineiro, a mulher do morto e o sócio
do mesmo. Sentei-me
na sala de estar e mandei-os entrar um por um, e passei a interrogá-los. A
criada foi a primeira: –
Boas noites, sr. inspector! Eu não ouvi nada do que se passou aqui no escritório.
Foi quando vinha chamar o senhor Inácio para jantar, que o encontrei assim
cerca das 20,50 h., corri a chamar a senhora. No corredor encontrei o senhor
Fernando… o sócio. Depois
foi a vez do jardineiro: –
Boas noites! Eu só soube do sucedido quando a Júlia, a criada, mo disse. Eu
suspeitei logo que o culpado era o sobrinho do sr. Inácio, que ontem discutiu
bastante com ele, e hoje esteve cá em casa. Só eu o vi porque estava na
arrecadação do jardim quando ele entrou. Interroguei
seguidamente o sócio: –
Boas noites, inspector! Fiquei abalado com a notícia, pois vinha pedir ao
senhor Inácio uns papéis sobre a firma, que ele guardava no cofre, quando a
criada saiu a correr do escritório e deu comigo, que vinha a chegar ao
corredor, e me contou o sucedido. «Além
disso, eu penso que foi o sobrinho, pois quando eu vinha a chegar aqui a casa
do sr. Inácio, vi-o sair de casa do tio, e dirigir-se à multidão que esperava
a rendição da guarda. Foi,
então, a vez da mulher do sr. Inácio: –
Sr. inspector! Nada tive a ver com a morte… e agradecia-lhe bastante, que eu
pudesse sair, pois estou bastante chocada para falar no assunto. Mandei-a
sair! Pus-me
então a pensar no sobrinho do sr. Inácio. Ia mandar procurá-lo, quando ele
chegou: –
Sr. inspector, vim assim que soube do sucedido… Então sempre é verdade? –
É, sim. Já agora que chegou em bom tempo, porque foi que hoje veio aqui a
casa do seu tio? –
Bem… é que… ontem discuti com ele sobre a firma… ele queria deixá-la. E hoje
vim saber se ele mudara de ideias e pedir-lhe desculpa. –
OK! Pode sair. Pus-me
a pensar nos depoimentos e foi quando me lembrei de que… foi isso mesmo! 1
– Quem foi o culpado? 2
– Que erro cometeu ele? |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|