Autor

Black Star

 

Data

26 de Julho de 1979

 

Secção

Mistério... Policiário [227]

 

Competição

Torneio “Novos" e “Iniciados” 79

Problema nº 7

 

Publicação

Mundo de Aventuras [303]

 

 

…E O QUE DISSE DO CHAMPANHE, FOI FORÇA DE EXPRESSÃO!

Black Star

 

Agosto. O mês quente abafa uma pequena cidade quando num sinistro bairro por entre as brumas que tornavam cinzenta a noite, um grito aterrador se ouve a quebrar o aspecto calmo daquela rua. Assassínio?... Roubo?... Rapto?... Aí ficam as interrogações…

A resposta iria ser dada mais tarde pelo comissário Alberto Ferreira que, a pedido, começaria de imediato a investigar o caso, ocorrido às 22 horas.

A seguir se transcreve o relato da investigação iniciada no local do crime pelos indivíduos presentes e que eram: a mulher do Tónio (a vítima); o filho mais velho, de 29 anos, e o mais novo, Eduardo, de 12 anos.

Comissário – Senhora Brígida, pode explicar-me como tudo se passou?

Brígida – Senhor comissário, estou num estado lastimável mas, em todo o caso, vou contar-lhe como tudo se passou. Às 22 horas, estava ele ao pé de mim, quando começou a curvar-se e, soltando um grito, ficou estendido do borco no chão. Voltei-o e vi que estava completamente desfigurado, com as faces assim a modos que esverdeadas, com a língua de fora, baba e com os olhos quase a estalarem, esbugalhados… Assim morreu.

Comissário – Envenenamento pela certa… Mas, julga que o seu marido se tivesse envenenado?

Brígida – Impossível, senhor comissário. Meu marido era a pessoa mais optimista do mundo, sempre alegre e bem disposto. Todos simpatizavam com ele. Não tinha inimigos, nem sequer invejas e por isso, ninguém tinha a mínima razão para o matar. Apenas os problemas do nosso filho mais velho, o Carlos, o atormentavam devido às más companhias de trabalho que o exploravam lá na fábrica.

Comissário (interrompendo) – Senhor Carlos, então que se passava no seu local de trabalho?

Carlos – Na fábrica de vinhos e bebidas especiais e espirituosas onde trabalho, o meu patrão tinha bastante admiração por mim, chegando a oferecer-me grandes caixas de champanhe… Tudo piorou há pouco tempo para cá por causa de um colega que me tem um ódio de morte, derivado a ter-lhe roubado a namorada, segundo diz, e tê-lo desacreditado assim perante o patrão…

O pequeno Eduardo intervém – Eu vi-te, meu esperto… mas tu nada querias contar à mãe quando andaste à tareia com esse tal Quim. Por isso é que apareceste todo esmurrado…

Carlos – Cala-te, maldito animal! Estúpida criança!

Comissário – Então, então… Acalmem-se, que não é caso para tanto. Outras dificuldades nos esperam…

Brígida –Schiu, meninos! – e a soluçar: – E eu a pensar que esta noite confraternizaríamos o aniversário do Carlos… Só esperávamos os filhos. O meu marido, aliás, já estava mesmo a ficar meio bêbado com a garrafa de champanhe que veio da fábrica. Cantava, dançava, brincava… Quem diria que iria acontecer esta desgraça. A garrafa de champanhe, das grandes, tal era a sua boa disposição que, ter-se-ia esgotado se não fosse ele o único a bebê-la… – continuando a chorar: – Meu pobre Tónio…

Comissário – Não se excite, senhora Brígida. O que aconteceu… aconteceu. Mas pelo menos terá a certeza que o seu marido teve sempre a consciência limpa foi bom marido e bom pai, e levou uma vida honesta. A Polícia depressa resolverá o enigma. Entretanto, o que mais me intriga, é a falta de pistas que este caso me apresenta… Não há dúvida que foi morte violenta, provocada, posta que foi, de parte, por sem-razão, a causa de suicídio… A não ser, que estivesse desesperado e se tentasse embebedar nessa tarde, para esquecer algo?...

Brígida – Bem pelo contrário, senhor comissário, como já tentei dar-lhe a entender. Não estava nada excitado, nem aparentava preocupações e bebia calmamente. O que eu lhe disse do champanhe, foi uma força de expressão. Ele estava satisfeito, lá isso é verdade!, e bem disposto…

– A não ser que… – cogitava agora o comissário. – É uma teoria bem possível… Nem sempre o bocado está guardado…

 

1 – Houve crime ou apenas um suicídio.

2 – Explique concretamente a sua teoria.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO