Autor Data 27 de Maio de 2007 Secção Policiário [828] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2006/2007 Prova nº 6 Publicação Público |
Solução de: A ESTATUETA DE PEDRA Búfalos Associados São os seguintes os erros
ou incorrecções contidos na carta: 1 – Em Paris, a Rue de St.Andrè des Arts não fica assim tão
pertinho do Louvre. Fica na outra margem do Sena, na zona de Saint Michel,
ligando a praça deste nome ao Boulevard Saint Germain
des Près. 2 – O “Falcão de Malta” é o
livro número 34 da Colecção Vampiro e não o 43. 3 – É falso que a estatueta
seja referida no livro como uma obra de arte hispano-americana. Seria
originária da ilha de Malta, no Mar Mediterrâneo, mandada executar no século
XVI, pela Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém, para oferta ao Imperador
Carlos V. A descrição do objecto está correcta, como se pode verificar a páginas 127 e
seguintes do romance. Quanto à origem da estatueta roubada no Louvre ficamos
sem saber nada, pois a descrição feita na carta é imprecisa. A zona em que se
encontra a arte fenícia tem peças de outras proveniências, no Departamento de
Antiguidades Orientais. 4 – Existe, de facto, uma
localidade chamada Malta no Brasil, mas seria mais correcto
dizer que fica no estado e não na província de Paraíba, no Nordeste e não no
Norte do Brasil. 5 – O autor do romance é Dashiell Hammett e não Raymond
Chandler. 6 – Há uma evidente
contradição no relato do crime no Magoito – primeiro diz que tudo se passou
por volta das cinco da tarde, mas depois diz que estava lua cheia e passava
das três da manhã, e o “Meiguinho” não demorou assim tanto tempo a chegar
junto da Nelinha. 7 – A praia da Aguda fica a
cerca de dois quilómetros a sul e não a norte do Magoito e, de facto, só com
a maré vazia se pode passar de uma para a outra pelo areal. Além disso, a
escada que serve de acesso à praia da Aguda está há vários anos quase
impraticável. A subida é difícil, sobretudo calçando botas cardadas, mas não
é impossível. 8 – Sempre que está lua
cheia, a preia-mar verifica-se cerca das três horas da manhã. As marés vazias
são sempre por volta das nove horas da noite e da manhã, o que significa que
só perto destas horas teria sido possível passar de uma praia para a outra
pelo areal. Ora, nenhuma destas horas é referida na carta como a hora da
passagem do “Meiguinho”. Quer pelas cinco da tarde, quer pelas três da manhã,
a maré estaria suficientemente cheia para não permitir o trajecto.
Mesmo na hora de Verão, uma hora mais tarde que a de Inverno, pouco se
altera. Note-se ainda que se, eventualmente, a passagem pela praia fosse
possível com a maré vazia a qualquer daquelas horas, então não seria
certamente noite de lua cheia. 9 – A data em que se
realizou o 2º Convívio da Tertúlia Policiária da Liberdade, foi a 21 de Maio
de 2006 (um domingo) e não a 24, como a carta refere. De resto, o dia 24 de
Maio nunca calhou ao domingo desde que este milénio começou. 10 – Quem tiver acompanhado
a última temporada do Policiário poderá ainda encontrar outro dislate. A
carta, que não é datada, faz referência ao relato feito “aqui há uns tempos”
nas páginas do Público, da viagem a Paris do Tempicos
e da Nelinha. Ora, acontece que, por coincidência, o problema Memórias de Tempicos que relatava essa viagem, foi publicado exactamente no mesmo dia em que se realizou o convívio
referido no final da carta. A Nelinha não poderia, pois, escrever que iria a
esse convívio por ter lido “há uns tempos” algo que só veio a ser publicado
nesse mesmo dia, 21 de Maio de 2006, dia que também ficou marcado pelo
violento assassinato da signatária da carta. Conclui-se, pois, que se trata
de um documento apócrifo, forjado após a morte da Nelinha, com a provável
intenção de limpar a sua memória ultrajada. O mais certo é que nada na carta
seja verdade e tudo não passe de uma completa invenção. A própria Estatueta
de Pedra pode nem sequer ter existido. |
© DANIEL FALCÃO |
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