Autor

Carlos Paniágua Fèteiro

 

Data

 

Secção

Fora da Lei!...

 

Competição

Torneio “Edgar Allan Pöe"

1º Problema

 

Publicação

A Voz Portalegrense

 

 

Solução de:

O DUPLO CRIME DA RUA MORGUE

Carlos Paniágua Fèteiro

 

O assassino só podia ter sido o próprio guarda da morgue, porque:

Era impossível a qualquer pessoa entrar sem ter sido vista pelo polícia;

Enquanto o fato-macaco estava humedecido, as roupas interiores estavam impecáveis, o que significa que não pertenciam à pessoa que usara o fato, e que o corpo tinha sido decapitado já depois do sangue coagulado, pois de contrário estariam sujas de vermelho;

Além disso, aquelas roupas, provenientes duma das melhores casas, e os pés, cuidadosamente tratados, não se coadunam com a profissão de guarda da morgue;

Por outro lado, o fato humedecido e as pègadas vindas do pátio, provam que alguém daí veio, da chuva;

É certo também que o guarda estava vivo 15 minutos antes do crime, caso contrário o Dr. Mastiss teria dado o alarme;

Como se sabe o sangue não coagula, de forma a não sujar roupas após um golpe, em tão curto espaço de tempo.

Assim, o que se passou foi o seguinte: Depois de ter falado com o polícia, o guarda preparou a cena, isto é, decapitou um cadáver, vestiu-lhe o seu macaco, foi envergar outras roupas e embrulhou a cabeça do morto, após o que foi para o pátio.

Pouco depois, chegou o Dr. Mastiss, contra quem guardava profundos ressentimentos.

Tendo dito ao polícia que temia um ataque, sentia-se perfeitamente à vontade para perpetrar o seu bem imaginado crime, em que ele próprio figuraria como vítima, ficando impune e indo acolher-se a outro local.

Quando viu o Dr. examinando, surpreso, o morto, surgiu num ápice e sem que a vítima o pressentisse desfechou o tiro mortal.

Depois foi a fuga, levando o seu horrível fardo (uma cabeça humana!), que em breve faria desaparecer.

Esqueceu-se que Auguste Dupin estava em Londres e que a perspicácia dele era infalível a ponto de descobrir que este duplo crime da Rua Morgue, era afinal um só!

© DANIEL FALCÃO