Autor

Carlos Paniágua Fèteiro

 

Data

22 de Novembro de 1958

 

Secção

Fora da Lei!...

 

Competição

Torneio “Edgar Allan Pöe"

3º Problema

 

Publicação

A Voz Portalegrense, nº 1359

 

 

O MISTÉRIO DE MARIE ROGET

Carlos Paniágua Fèteiro

 

As palmas estrugiam num ruído ensurdecedor, consagrando mais um êxito de Marie Roget. De facto, a sua interpretação de «A Dama das Camélias» atingira um excepcional brilho.À porta da ”caixa” dezenas dos seus admiradores viram-na tomar assento num coupé, acompanhada de Albert Singère que na peça interpretava o papel de Armand Duval, afastando-se os cavalos a largo trote.

 

No dia seguinte, a opinião pública foi sacudida com a notícia de que Marie Roget tinha desaparecido. Auguste Dupin, de visita à sua querida e barulhenta Paris, decidiu investigar o caso de conta própria.

Procurou primeiro o Singère, que lhe apareceu em roupão e em voz ensonada, quase sem corresponder ao seu tímido «bom dia», lhe disse que se queria saber detalhes acerca do desaparecimento da Marie, nada lhe podia dizer, pois desde que a deixara até àquele momento, em que as pancadas de Monsieur Dupin o acordaram, tinha dormido a sono solto.

Auguste Dupin dirigiu-se de seguida a casa da Roget, onde a irmã, lavada em lágrimas, lhe mostrou um cartão em que ela escrevera:

«Annie: Vou passear com o meu Amor».

O cartão ficara preso a um ramo de camélias. Fora Annie que, estranhando que a irmã não aparecesse durante a manhã e sabendo que ela não tinha nenhum enamorado, participara à Polícia.

Monsieur Dupin resolveu procurar o cocheiro do coupé que tinha transportado Marie e encaminhou-se para as imediações do teatro, embrenhando-se em locubrações.

O som dum acordeão espalhava-se no ar e Auguste Dupin preparava-se para dar o seu óbulo ao tocador quando um sonoro Ah! lhe saiu impetuosamente da boca e, ante o espanto do acordeonista, que parara a sua melodia, desandou velozmente a caminho da Sureté.

 

Porquê?

Que teria ele descoberto?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO