Autor Data … Secção Competição 4º Problema Publicação A Voz Portalegrense |
Solução de: A CARTA ROUBADA Carlos Paniágua Fèteiro Sem
já falar no facto da cola ainda fresca não estar de acordo com a entrega da
carta na véspera, um professor de História Universal nunca poderia enganar-se
e escrever «calcanhar de Ingres» em vez de «calcanhar de Aquiles». O
mordomo era o autor dos barulhos e fora encarregado de entregar a carta.
Abriu-a e pôde ler que o Professor suspeitava dele. Assim, resolveu
substitui-la na parte em que era levantada essa suspeita e que dizia:
«Suspeito do meu mordomo. Calculo que procura...». Alterou esta última
palavra para o plural, para despistar, e houve por bem referir-se ao tal
«calcanhar de Ingres» para criar mais ambiente de erudição histórica. Deixou
tudo o restante, inclusive a parte em que era marcado o encontro, para não
levantar ainda mais suspeitas ao Professor, tanto mais que dali não lhe
advinha qualquer perigo, pois os dois homens não trocariam quaisquer
impressões. Tencionava
dar o golpe na noite seguinte, mas Auguste Dupin frustrou-lhe os intentos. Esta
seria a solução do problema, se um bando de gralhas tipográficas não tivesse
pousado sobre o original. Assim aconteceu, por exemplo, aquele «descançado»
com «ç» e não com «s» e um outro lapso que viria a ter influência decisiva no
reforço da hipótese de que a carta não tinha sido escrita pelo Professor: a
assinatura de «Arnald» em vez de «Arnold». Os
Sherlocks que viram o erro, exploraram-no... e ganharam pontos. |
© DANIEL FALCÃO |
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