Autor Data 30 de Março de 2012 Secção Correio Policial [26] Publicação Correio do Ribatejo |
A CARTA ROUBADA Carlos Paniágua Féteiro August Dupin, recostado num confortável maple,
abriu o sobrescrito em branco e, limpando os dedos da cola ainda fresca, leu
os caracteres impressos no canto superior esquerdo da carta: “Arnold Barckley
– Professor de História Universal Front Street, 33 – New
York” Depois,
escrito numa letra nervosa e desalinhada, vinha o texto: “Meu caro senhor Dupin: Não tenho o prazer de conhecê-lo
pessoalmente, mas o eco dos seus feitos chegou até mim e resolvi dirigir-lhe
esta carta. É que há duas semanas, pela noite fora, ouço em minha casa ruídos
muito estranhos, gargalhadas, gritos, passos pesados, enfim, uma casa de
fantasmas! Eu poderia levantar-me e ir
investigar, mas o medo é o meu calcanhar de Ingres. Calculo que procuram
assustar-me e fazer-me crer que estou louco. Sei que estou em perigo. Não diga a ninguém o que aqui lhe
relato e, se quiser ajudar-me, peço-lhe que esteja amanhã às 19h30 na esquina
da Rua 37 com a 27. eu sobraçarei de modo bem
visível um Compêndio da História Universal. Se o Sr. Dupin
quiser investigar este meu caso, dirá simplesmente: “Boa tarde, Professor”, e
nada mais. Assim ficarei mais descansado e dentro de dois dias voltarei a
falar-lhe. Peço-lhe o seu interesse. Arnold Barkkley” Monsieur Dupin sorriu e perguntou a um homem que tinha na sua
frente se era ele o mordomo do Professor Barckley
e, perante a afirmativa deste, inquiriu quando lhe tinha sido entregue aquela
carta. O
homem respondeu que a recebera na véspera à noite e logo Auguste Dupin lhe disse que aquela era uma carta roubada. Pergunta-se:
Porquê esta dedução de Monsieur Dupin? |
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© DANIEL FALCÃO |
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