Autor

Columbo

 

Data

17 de Julho de 1980

 

Secção

Mistério... Policiário [277]

 

Competição

Torneio “4 Estações 80” | Mini C – Verão

Problema nº 1

 

Publicação

Mundo de Aventuras [354]

 

 

ÁGUAS PASSADAS… NÃO MOVEM MOINHOS…

Columbo

 

Havia precisamente cinco dias que as férias escolares de Natal tinham principiado. Este ano o inverno tinha sido pontual: as primeiras chuvas aliadas a um frio rigoroso já estavam a fazer-se sentir… O dia de hoje não tinha escapado à regra. A chuva miudinha desde a manhã não tinha deixado de cair aborrecidamente sobre a vila do Bombarral, para desagrado total dos estudantes que certamente já teriam planos «bestiais» para estas férias. Mas nada havia a fazer…

Apesar de haver rapazes que aceitam as condições atmosféricas e recusam os seus planos previamente elaborados, outros que não acatam essas mesmas condições e seguem por diante com os seus projectos. São o chamados «burros teimosos»!!!... Mas destes é que reza a História?...

– Raios e coriscos! Só chuva? Chuva… – gritou Artur, com os olhos colocados no parapeito da janela de sua casa, onde os pingos de água da chuva não cessavam de cair…

– O que tens, Artur? – perguntou a mãe, admirada com os gritos do filho.

– Então não vê, mãe?!... É preciso ter mesmo azar! Na época de aulas não chove; chega a época de férias começa logo a cair cântaros de água. E nós amanhã com um acampamento! GrrrGrrr

– Tem calma, filho! Amanhã vai estar bom, vais ver? – respondeu a mãe do Artur, tentando acalmar o filho.

Com efeito no dia seguinte…

– Com mil milhões de macacos! Ainda continua a chover! Já ontem todo o dia a chover. Nem sequer esteve um momento sem chover. E hoje continua a chover! Não sei onde vão arranjar tanta água! Não querem mesmo que nós façamos o acampamento… Primeiro, foi o Alfredo que nos colocou mil problemas para que o acampamento se não realizasse, e agora, a maldita chuva… Mas vai haver acampamento, nem que haja um furacão. Mãe, a mochila está pronta?...

– Só falta colocar a bússola e a lanterna.

Passada uma hora, precisamente às 10.30 horas, já o Artur se encontrava a caminho do «Externato Académico», onde se situava a sede N.º 2 do Agrupamento N.º 516 dos Escuteiros do Bombarral, com o fim de se juntar aos restantes companheiros para depois se dirigirem para a serra de Montejunto, local do acampamento.

A chuva continua a cair… Agora as únicas esperanças dos rapazes recaem sobre as previsões do «manda-chuva» da TV que no dia anterior anunciara bom tempo para o princípio da tarde. Assim o esperavam ansiosamente…

Eram precisamente 11 horas da manhã quando Artur Carvalho chegou ao externato. Já todos os seus companheiros tinham chegado. Eram eles o José Vítor, o José Carlos, o Carlos Bicho e o José Rafael. Cinco rapazes que certamente iriam deliciar-se com os maravilhosos ares da serra de Montejunto.

Quanto a meias de transporte, está previsto utilizar a camioneta da «Rodoviária» que partiria do Bombarral pelas 12.30 horas.

Todos os preparativos estavam prontos. Ou melhor… quase todos_ Restava somente perguntar ao chefe do agrupamento, sr. Alfredo Cerca, o local onde ele deixara os utensílios gerais (panelas, tendas, fogão, etc.) que ele próprio levara nessa manhã, conforme ficara estabelecido.

– Então, sempre vão para o acampamento… com esta chuva? Olhem que o agrupamento não se responsabilizará por qualquer dano que ocorra – afirmou, peremptoriamente, Alfredo Cerca.

– Está bem… está bem. Parece aquelas organizações populares: «A organização não se responsabiliza por qualquer dano que ocorra». Mas está certo! Onde deixou o nosso material? – perguntou José Vítor.

– Olha, acabo agora mesmo de chegar da serra…

– Para não haver enganos é melhor desenharmos um mapa. José Rafael, dá aí papel e lápis! Deixa lá!... Aproveita-se aqui o pó do carro… – e começa a desenhar. Aqui, é o quartel… esta, é a estrada que vai para o Cadaval… aqui, o cruzamento da estrada que vai para o pi…

– Não é preciso desenhar mais! – interrompeu Alfredo Cerca. – O material está aqui! – e apontou para o improvisado mapa desenhado na capota do carro que tinha servido de transporte ao material.

– Já é meio-dia e um quarto! Olha, já não chove! – gritou, delirando de alegria, José Carlos, perante o desagrado de Alfredo Cerca.

– Os deuses estão connosco! – afirmou Carlos Bicho, que provocou uma risada geral.

– Pronto, vamos andando. Obrigado e até segunda-feira – disse José Vítor, despedindo-se do chefe de agrupamento.

Dentro de uma hora, aproximadamente, estariam, no ponto mais alto da província da Estremadura. Apesar de ter colocado tantos entraves à realização do acampamento, Alfredo Cerca tinha-se decidido a ajudá-los.

Mas porque seria que ele não desejava que o acampamento se efectuasse? Não interessa! «Águas passadas, não movem moinhos!». E agora os rapazes estavam a caminho da serra e iam, certamente, passar um fim-de-semana delicioso. Agora tudo estava com eles… Até o tempo!... Pois agora não chovia…

Mas aconteceu o inesperado! Passadas umas horas já os rapazes estavam de volta, «uivando» de raiva!... Um até mordeu um cão!!!... Mas o que teria acontecido? É a interrogação que se coloca aos benévolos leitores… e a mim também! Mas o que terá sido?...

 

PERGUNTA-SE:

1 – Qual foi o imprevisto capaz só por si, e fundamentalmente, de impedir que o acampamento se realizasse?

2 – Justifique a afirmação que deu.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO