Autor Data 17 de Dezembro de 1981 Secção Mistério... Policiário [334] Competição Torneio
“Do S. Pedro ao Natal” Problema nº 12 Publicação Mundo de Aventuras [427] |
CRIME NA BIBLIOTECA Columbo –
Está?!… Sim!… É o próprio!… Sim, vou imediatamente para aí… Pouco
depois… –
Entre, sr. inspector.
Esteja à sua vontade. –
Então o que é que aconteceu? – pergunta o inspector Ribeiro, enquanto despe a sua agasalhadora gabardina
– veste tão tradicional num detective… –
O terrível, senhor! O terrível! Assassinaram o meu patrão, o sr. Castro – responde o mordomo, tentando esconder a
comoção que lhe grassava no rosto. –
Já está cá alguém da Judiciária? –
Sim, sr. inspector.
O inspector Simões já se encontra cá há uns trinta
minutos. Está na biblioteca… –
Então vamos para lá! –
Com certeza, sr. inspector. Faça o favor de me acompanhar! Depois
de percorrer largos corredores e pesadas escadas, o inspector
Ribeiro chegou à requintada biblioteca do famoso milionário. Aí se encontrava
o seu colega, o inspector Simões… –
Eh, Simões! Mais um! Nunca nos dão descanso. Nem ao domingo! –
É verdade, meu caro Ribeiro! Desculpa ter-te incomodado a estas horas da madrugada,
mas o caso é demasiado «puxado» para uma só pessoa. Ainda
por cima a estas horas! –
Então conta-me lá o sucedido! –
É simples de contar. A vítima foi encontrada pelo mordomo, quando este lhe ia
levar o remédio, cerca das duas horas de hoje. Estava assim, conforme o vês,
de borco, pois, como disse o mordomo, ainda ninguém lhe mexeu. O médico já
aqui esteve e afirmou-me que a morte fora causada por duas punhaladas (não
encontrei o punhal!), talvez entre a uma e as duas horas e que não fora imediata.
Pelo menos trinta segundos de agonia! Quanto a suspeitos existem cinco: três
sobrinhos, o Mário, o António e o José; o mordomo de nome Filipe; e um amigo
da vítima, Rafael, que hoje o tinha vindo visitar. É tudo, meu caro. –
Só não compreendo porque é que a vítima está segurando, na mão esquerda,
aquele cavalo de metal. –
É verdade! Existem duas hipóteses: ou ele o agarrou por mero acaso no seu
momento de agonia, o que me parece pouco provável, pois parece-me que ele
está apontando aquele cavalo para aquele quadro também de cavalos: ou está
dando-nos com isso um indício para a captura do assassino… E esta hipótese eu
não descortino. –
Eu vou por essa última hipótese, pois um cavalo apontado para outros cavalos,
é demais para uma coincidência… –
Vamos mas é à sala interrogar os suspeitos! – sugere
Simões, enquanto dá uma última olhadela àquela sinistra imagem: um ser
humano, de aspecto senil, segurando um cavalo de
metal… Passaram
ao compartimento do lado: a sala de estar. Aí se encontrava o criminoso, pois
já se tinha chegado à conclusão que não havia outra pessoa que tivesse
penetrado na mansão, devido ao facto de todos os acessos a ela se encontrarem
fechados. –
Ora muito boa-noite, meus caros senhores! – cumprimenta
Ribeiro, pois o seu amigo Simões já o tinha feito há cerca de uma hora. – Penso
que já devem ter adivinhado o motivo da nossa vinda aqui. Teremos de lhes fazer
umas breves perguntas. Peço-vos que sejam o mais concisos possível. Ora vamos
lá! Começamos por este senhor, o Simões… vá escrevendo… O que é que fez entre
a uma e as duas da madrugada? –
Estive aqui com estes senhores, durante esse tempo, conversando sobre
variados assuntos. Ausentei-me dez minutos, pois fui ao quarto de banho
responde António. –
É herdeiro à fortuna? –
Sim, mais os meus dois irmãos o Mário e o José. –
Obrigado. E o senhor, creio que se chama Rafael
Abegão. Qual foi a causa da sua visita? –
Eu… sr. inspector,
vim cá hoje a fim de entregar ao sr. dr. Castro um livro novo de
história da Grécia, pois como o senhor tão bem sabe, o sr.
Castro é um homem bastante estudioso sobre assuntos da antiga cultura grega.
Falei com ele cerca das onze e meia, mas deixei-o vivo. Eu juro-lhe que o
deixei vivo! –
Eu acredito, sr. Ferreira! E o senhor Mário? –
Eu fui ao Eden ver o filme «Amor à Primeira
Dentada» e depois desde a meia-noite estive aqui a conversar com estes
senhores. Ausentei-me à cozinha meia hora depois para beber leite. –
Eu estive desde a meia-noite à meia-noite e meia hora a falar com o meu tio
acerca de um empréstimo que eu queria que ele me fizesse. Saí chateado, pois
o empréstimo foi-me recusado. Mas não fui eu que o assassinei! – isto respondeu o José, antecipando-se. –
E já agora, senhor Filipe, que fez nesse espaço de tempo? –
Estive na cozinha a preparar uns aperitivos e umas bebidas para estes
senhores – de facto lá estavam os rês-tos, num tabuleiro, em cima de uma
pequena mesa. – Depois cerca das duas horas dirigi-me à biblioteca a fim de
levar o remédio ao sr. Castro e… foi o terrível! – disse num estado bastante emocionado o mordomo daquela
mansão. –
Muito obrigado, meus senhores! – diz Ribeiro enquanto
se dirige, acompanhado pelo seu colega, para o local do crime. –
Então Ribeiro? Complicado, não?! –
Olha, se é o que eu penso… nem por isso, Simões – responde Ribeiro, esboçando
um sorriso de vitória, enquanto dirige as suas iris para aquele cavalinho de metal…
– Vais ver como é… quando a gente tem umas luzinhas… Chama-me o… e verás como
o levarei à parede… PERGUNTA-SE:
1º
– Ele quem? 2º
– Por que afirma isso? Explique convenientemente. |
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© DANIEL FALCÃO |
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