Autor

Columbo

 

Data

1 de Abril de 1982

 

Secção

Mistério... Policiário [348]

 

Competição

Torneio “Dos Reis ao S. Pedro” - 82

Problema nº 6

 

Publicação

Mundo de Aventuras [442]

 

 

“FRONTI NULLA FIDES!” (…OU “AS APARÊNCIAS ILUDEM”)

Columbo

 

O inspector Ribeiro levantou-se. O sono retemperador de uma noite boémia havia chegado ao fim… O telefone chamava trabalho! Mas a cabeça do inspector é que não estava nada boa, mesmo nada boa!… Os reconfortantes uísques da noite anterior faziam mergulhar agora o inspector numa sonolência e num constante e ensurdecedor metralhar de sons inconsequentes que se repercutiam no interior da sua cabeça… Mas o abençoado duche animou-o de tal forma que o pôs quase como novo… E lá foi ele em busca da tal vivenda para o lado dos Olivais. Trinta minutos depois, já o seu carro está pronto a estacionar junto à vivenda de Cristina Paula.

Simões, o seu leal companheiro de lutas, já lá se encontrava…

– «Cum raio»!!!… Consegues sempre chegar primeiro!

– É que eu, normalmente em vésperas de trabalho, não frequento boites até alta noite…

Um olhar irado rachou Simões de alto a baixo. Mas Ribeiro logo se recompôs…

– Então o que há?

– Um roubo com agressão. Roubaram as jóias da menina Cristina e deixaram esta inanimada, amarrada e amordaçada…

Com a ajuda do criado, que fora ao encontro dos dois inspectores, encaminharam-se para o quarto onde se passaram os factos. Aí encontraram a vítima e duas suas amigas: Paula Coutinho e Isabel Lopes. Após os habituais cumprimentos e esclarecimentos, Cristina Paula Passou ao ataque:

– Eram aí umas dez horas da manhã. Estava ali sentada a acabar de me maquilhar, pois estava a pôr a última pestana postiça, quando alguém, a quem não cheguei a ver a cara, aparece por detrás de mim e me adormece com clorofórmio. Quando voltei a mim, encontrava--me sentada naquela mesma cadeira, mas amarrada e amordaçada…

De facto, tudo parecia confirmar a história da jovem, particularmente linda com aquela maquilhagem. Talvez um pouco de carmim a mais, uns lábios muito vermelhos. Na mesa de toillete, além de todos os acessórios de maquilhagem, achavam-se os objectos da agressão, à excepção do pano com clorofórmio, que não se encontrou… A corda utilizada para a amarração fora a dos cortinados e um lenço branco, que lhe fora posto como mordaça, havia-a impedido mais tarde de apelar por alguém. O inspector Ribeiro, na esperança de encontrar alguma pista, pegou nele e na corda e mirou-os atentamente. Mas o seu amigo Simões avisou-o de chofre:

– Limpos como estão, nem impressões encontrará!

Quanto às jóias, estas estavam, na altura do roubo, numa caixa pequena dentro de uma gaveta da secretária… Facilmente foram retiradas…

Após as declarações da lesada, seguiram-se mais três, quantos eram, na altura, potenciais suspeitos…

Paula Coutinho – Estava a dormir, quando a Cristina me avisou. Vim imediatamente. Sim, sabia onde as jóias se encontravam…

Isabel Lopes – Por estranho que pareça, estava, à hora do assalto, a cem metros daqui, a tomar o pequeno-almoço numa pastelaria… Sim, sabia, mas não pense que fui eu que as roubei. É uma pena… e logo agora, quando a Cristina não estava boa de massas

João Silva (criado) – Saí para fazer uns pagamentos. Quando voltei (umas onze horas), deparei, com tremendo susto, com a menina Paula amarrada e amordaçada, tentando desenvencilhar-se daqueles nós todos. Desamarrei a menina, tirei a mordaça e não se mexeu em mais nada. Foi uma pena as jóias terem desaparecido, mas os seguros de certeza que reabilitarão a menina da perda.

– Pronto – disse Ribeiro – os dados estão lançados. «Alea jacta est», como dizia o nosso amigo César…

– Já descobriste?!… – arrisca Simões.

– Talvez! – responde Ribeiro num tom um pouco modesto, compondo o nó da gravata, para isso aproveitando-se do enorme espelho da mesa de maquilhagem… – Elementar, meu caro Simões!…

 

Redija um pequeno relatório onde apresenta a resolução deste problema, com as seguintes indicações:

a) – Possível ladrão.

b) – Todos os pontos que ache importantes para a sua solução.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO