Autor

Columbo

 

Data

9 de Dezembro de 1982

 

Secção

Mistério... Policiário [378]

 

Competição

Torneio “Do S. Pedro ao Natal” - 82

Problema nº 9

 

Publicação

Mundo de Aventuras [478]

 

 

O ESTRANHO CASO DO COLAR

Columbo

 

O Sol já se encontrava no zénite. Mas nem o calor abrasador tropical, impedia o nosso avanço pela espessa e perigosa selva africana. Nairobi ficara para trás havia três dias. Mas não fora aí que começara toda esta aventura que por ser muito extensa, me limitarei a relatar apenas naquilo que me parece importante para uma fácil assimilação do conteúdo da história…

Há cerca de cem anos, meu avô fez um pequeno safari pela selva africana. Partiu com um seu grande amigo, Robert Aldrew de seu nome, mais quinze indígenas e o seu guia, bastante conhecedor do local, Tom Kimbata. Aqui começa a tragédia da história. Por incrível que possa parecer, todos os intervenientes foram assassinados um a um durante a viagem e, foram sempre encontrados junto aos seus cadáveres uma caveira esculpida em ouro. Só meu avô voltou do safari, trazendo com ele um pequeno colar de ouro com uma pequena caveira moldada no mesmo metal precioso. Meu avô recusou-se sempre a revelar onde tinha arranjado aquele ornamento, respondendo amiúde que não poderia dizer, visto estar preso a uma promessa. Mas a revelação tal feita… no leito de morte! Meu avô contou toda a história a meu pai, e fê-lo prometer que levasse, após a sua morte, o colar a uma gruta, situada em pleno coração de África, desconhecida dos humanos, mas que meu pai a encontraria guiando-se por um mapa que meu avô lhe deu, juntamente com o colar. Colar que possuia poderes estranhos, pois – afirmava o meu avô – a família que possuísse aquele sinistro colar estava liberta de todo o tipo de doenças e tristezas. E assim aconteceu… A minha família era, infelizmente, um lago de doenças, mas a partir do momento em que esse colar veio para poder da nossa família, o lago secou-se… Meu pai partiu… e não voltou! Foi há 20 anos… Parti em sua procura, se é que ele ainda está vivo, e aqui estou em plena selva africana.

Mas a infelicidade grassava já na minha caravana. Três dos meus homens haviam já sido assassinados e sempre junto dos cadáveres se havia encontrado uma pequena caveira moldada em barro. Tudo igual à história de meu avô, mas só que, desta vez, o assassino era menos generoso; substituiu o ouro por barro… O pavor e o medo iam a pouco a pouco corroendo a alma dos indígenas, do nosso guia, do meu amigo Pele O’Hara e de… mim. Hoje, dia 15 de Setembro de 1934, eu e alguns dos meus homens, subimos a um pequeno monte situado a dois quilómetros do acampamento e donde se poderia tirar uma panorâmica de muitos quilómetros em redor. Ao longe, podia ver-se com relativa nitidez o nosso acampamento, situado junto a um lago continental, inundado de alguns possantes hipopótamos e de uma imensidão de aves marítimas, onde se distinguiam pelicanos, gansos e patos-bravos mergulhadores. O lago estava calmo e os animais pareciam deliciar todos os prazeres que a Natureza lhes colocou para êxtase de todos. O céu límpido e cristalino inundava toda aquela paisagem de uma sensação de paz e bem-estar. Ali ficámos, cerca de uma hora admirando a natural caloria do lago, que durante aquele espaço de tempo parecia uma fotografia, dado os poucos movimentos que ali se efectuavam. Nada de importante se nos deparava daquele monte que pudesse ajudar na busca de meu pai. Por momentos, todos nos esquecemos de todo o medo que nos inundava… Mas o mistério estava próximo a resolver-se… pelo menos uma parte!

Naquele momento, juntava-se a nós Pete, que havia ficado com um indígena no acampamento, transpirando como uma fonte e de espírito bastante excitado:

– Mike, descobri qual o assassino da nossa caravana! É Kola, o nosso guia!…

– Mas como é que descobriste? – perguntei eu, não menos excitado.

– Foi há cerca de meia hora. Estava junto daquele lago admirando a imensidão de passarada que o inundava, quando oiço passos na retaguarda. Era Kola, empunhando a minha espingarda. Kola disparou (não deves ter ouvido a detonação devido ao vento forte que sopra na direcção do acampamento), mas com sorte esquivei-me, saltei para cima dele e dominei-o. Está no acampamento, bem atado a uma árvore. Eis aqui a caveira de barro que me era destinada!

Felicitei-o, mas os meus botões diziam-me que qualquer coisa não batia certo em toda aquela história… O vento, algo forte, que soprava rumo ao lago desde a nossa estadia no monte, impedia-me de raciocinar escorreitamente. Mas no meu espírito circulava a sensação de falsidade, de algo que contrastava fielmente com o límpido cristalino dessa parte em forma de abóbada a que se dá o puro e verdadeiro nome de Céu…

 

PERGUNTA-SE:

1 – Quem era o assassino?

2 – Justifique, dizendo tudo quanto julga necessário, a afirmação feita na pergunta anterior!

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO