Autor

Daniel Falcão

 

Data

13 de Setembro de 2006

 

Competição

Torneio “Clube de Detectives

Episódio nº 3

 

Publicação

Blogue Clube de Detectives

 

 

O ENIGMA DA PLACA DESAPARECIDA

Daniel Falcão

 

Parecia mentira, mas era mesmo verdade! Nunca imaginaria, há poucas horas, que estaria, neste dia quente de início de Verão, sentado ao lado de uma linda rapariga, no bar da Quinta da Caverneira. Depois do sucesso que as nossas intervenções tiveram na palestra que findara há poucos minutos, em boa hora decidimos aproximar-nos um do outro e, exactamente ao mesmo tempo, dizermos: “Gostaria de te conhecer melhor!”

Escusado será entrar em mais pormenores, até porque são coisas muito nossas. O mais importante é que ainda não tínhamos tido tempo para trocarmos algumas opiniões, quando reparamos na entrada de uma senhora com um aspecto bastante aborrecido. Dirigiu-se para o balcão e exclamou: “Porque haveria alguém de roubar placas de venda de imóveis? Que uso poderá alguém dar aquelas placas de madeira?”

O empregado surpreendido por aquelas duas interrogações lançadas de rompante, manifestou-se: “Boa tarde, dona Palmeirinha. Então, o que é que se passou?” Enquanto falava, preparou um copo de limonada bem fresco e colocou-o em cima do balcão em frente da senhora.

A senhora explicou então que, pela terceira semana consecutiva, tinha colocado uma placa da sua agência de venda de imóveis em frente de uma moradia que estava para venda na Rua do Castelo Velho. A última das quais fora colocada hoje mesmo no final da manhã. Qual não foi a sua surpresa, ao passar pela rua há poucos minutos, quando verificou que a placa já tinha desaparecido. “Provavelmente, brincadeiras de garotos que não têm mais nada para fazer. Imagino que as usem para fazerem cabanas ou qualquer coisa parecida” – concluiu.

Olhei para a Bruna e… lá estava ela a olhar na minha direcção. Parece que, quase por magia, ambos pensamos o mesmo: decifrar este novo enigma. Desta vez, bem real!

Como a Rua do Castelo Velho ficava relativamente próxima, demoramos a lá chegar cerca de dez minutos. Aquela rua tinha apenas duas moradias e um prédio de três andares. Em frente a uma das moradias, com aspecto de estar habitada, estava uma senhora a regar uns vasos. Não foi difícil perceber que a moradia que estava à venda era a outra, já que tinha as portadas todas fechadas e o jardim já parecia pedir a alguém que lhe dedicasse algum tempo.

Quando lá chegamos, reparamos numa carrinha de caixa aberta encostada a uma das bermas. Ao seu lado, um homem olhando em todas as direcções. Devia ter reparado na nossa chegada, pois caminhou na nossa direcção.

“Olá, boa tarde. Talvez me possam dar uma informação. Sou de fora da cidade e procuro uma casa para comprar. O meu sobrinho emprestou-me a carrinha dele para vir até cá, onde, pelo que ele me disse, havia uma moradia à venda. Mas como não vejo nenhuma placa, estou na dúvida se entendi bem a localização que ele me indicou. Acho que nesta zona as casas se vendem muito rapidamente e eu não queria perder esta oportunidade.”

Explicamos tudo o que sabíamos sobre o assunto e indicamos ao senhor para se deslocar ao bar da Quinta da Caverneira onde talvez ainda encontrasse a senhora da agência. Agradecendo a nossa atenção, enfiou-se na carrinha e afastou-se.

“O sobrinho pode muito bem ter retirado os sinais para que ninguém soubesse que a casa estava à venda” – disse a Bruna. “Tens razão! Além de que na caixa aberta da carrinha podem-se meter muitas coisas” – concluí. Decidimos, então, dar o passo seguinte: falar com a senhora idosa.

A senhora já tinha regressado a sua casa. Como a porta não estava fechada, mas apenas encostada, batemos levemente. A senhora abriu a porta e lá se dispôs a conversar connosco.

Enquanto dizia à Bruna que, embora não o tivesse presenciado, sabia quem levara as placas (“Foi o Alfredo! Ele está sempre a pregar patifarias destas.”), aproveitei para espreitar o interior da sala de estar. Pareceu-me uma sala bastante confortável e pude verificar que o sofá e as cadeiras, estofados de veludo, eram verdadeiras antiguidades. Uma toalha rendilhada cobria a mesa e um largo quadro estava depositado na parede sobre o fogão de sala, onde algumas brasas ainda crepitavam com alguma intensidade.

A senhora indicou-nos onde vivia o tal Alfredo e lá fomos nós, certos de estarmos cada vez mais próximos do final da nossa investigação.

Encontramos o Alfredo a guardar a máquina de aparar relva na sua garagem. Ele olhou para nós com ar desconfiado e quando lhe explicámos o que pretendíamos, respondeu rispidamente: “Porque haveria eu de roubar um estúpido sinal? De qualquer modo, estive fora desde manhã bem cedo e só voltei à coisa de uma hora, hora e meia.”

Afastamo-nos, antes que ele nos expulsasse. Foi então que a Bruna disse: “Viste bem a garagem? É impressionante como os meus pais têm às vezes tanta dificuldade em meter lá o carro, quando esta garagem está praticamente vazia.”

Depois de trocarmos algumas impressões, decidimos regressar ao bar e, caso a senhora ainda lá estivesse, dizer-lhe que já sabíamos quem tinha tirado as placas.

 

DESAFIO AO LEITOR:

O leitor, tal como o Hugo e a Bruna, também tem uma opinião sobre quem levou as placas.

A – Os garotos para as suas brincadeiras.

B – O sobrinho do potencial comprador.

C – A senhora idosa.

D – O Alfredo.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO