Autor

Daniel Falcão

 

Data

7 de Agosto de 2011

 

Secção

Policiário [1046]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2011

Prova nº 8 (Parte I)

 

Publicação

Público

 

 

AZUL CELESTIAL

Daniel Falcão

Dedicado a

Dic Roland, K.O., Sete de Espadas… e Avarra

 

Envoltos numa coloração azul celestial, observamos três vultos. Não, não nos estamos a referir a três figuras indistintas cuja presença apenas se adivinha. Mas a três figuras que, numa outra fase do seu eterno percurso, se salientaram. Não por feitos inesquecíveis, mas por relações inolvidáveis. Um deles, em particular, marcou uma geração. A minha geração.

No centro destes três vultos, existe uma mesa. Também ela azul, mas de um azul-marinho. Fazendo-lhes recordar, com toda a certeza, as ondas do mar. A mesa tem um estranho formato hexagonal, como que se adaptando às posições por eles ocupadas. Não é um hexágono perfeito. Três dos lados têm maior dimensão que os três lados não ocupados. Estes últimos, separando e melhor acomodando os três vultos. Arriscaríamos dizer que, se eles fossem quatro e não três, a mesa seria octogonal.

Todavia, é uma mesa deveras estranha. Estranha devido à sua transparência, porque muito dificilmente se divisam as pernas que a sustentam. O mesmo se poderá dizer sobre as cadeiras em que os três vultos estão sentados. Afirmamos que estão sentados, porque a posição em que se encontram se coaduna com esta descrição.

Afinal, quem são estes três vultos? Apenas personalidades muito respeitadas e muito queridas no seio da família policiária que mudaram de dimensão, em três anos consecutivos, nos ainda não longínquos anos de 2006 – Dic Roland, 2007 – K.O. e 2008 – Sete de Espadas. Embora não estejam entre nós numa dimensão física, estão e continuarão a estar numa dimensão espiritual. Por isso vão reproduzindo aquilo a que sempre estiveram habituados: a partilha de uma mesa, confraternizando e debatendo o policiário.

“É interessante ler o Luís Pessoa desafiando os grandes decifradores e produtores de outrora a apresentar problemas em que a criptografia seja a estrela principal. Estaria ele a pensar em nós?” Questionava-se Dic Roland. “Recordo que ainda na temporada passada, ‘a mensagem secreta’ do Paulo demonstrou, inequivocamente, a qualidade da produção da nova geração de decifradores.”

Enquanto falava, Dic Roland ia rabiscando sobre a mesa. Se pensam que ele usava papel e lápis, estão enganados. Percebia-se que o dedo indicador ia mexendo e, como por magia, as letras iam surgindo na mesa, uma atrás da outra.

“Notável o processo utilizado para exortar os decifradores à escrita de problemas policiários, enunciando os quatro pilares para se obter uma boa produção”, concluiu Dic Roland.

“É bem verdade o que dizes!”, afirmou K.O., esticando o dedo indicador. O conjunto de letras escrita por Dic Roland passara, de repente, para a frente de K.O., como se a mesa tivesse rodado para a direita, embora não se tivesse visto qualquer movimento.

Utilizando o dedo, tal como procedera anteriormente Dic Roland, o conjunto de letras ia sofrendo alterações. “O mote do desafio do Luís Pessoa parece ter sido a razia provocada pelo ‘aprendiz de criminoso’ do Felizardo Lopes. Como era possível, interrogava-se ele, que um problema linear e directo, baseado nos aspectos mais básicos da criptografia, com a chave bem à vista, o número do prisioneiro 1432, tenha provocado tanta dificuldade?”

Um momento! Parece que conseguimos ver(?) qualquer coisa. É verdade que foi muito ténue. Mas pelo menos sentimos algo a acontecer, segundos antes do conjunto de letras aparecer defronte do Sete de Espadas. Certo, certo, é que o Sete de Espadas, para sempre e simplesmente o Sete, observava atentamente as letras que se encontravam à sua frente. Adivinha-se que ia, a qualquer momento, mover o seu dedo indicador.

“Sabem que mais!?... Concordo com o Luís Pessoa. Os problemas criptográficos obrigam a utilizar as células cinzentas. Nos dois problemas que referem, utiliza-se o método da transposição, com as devidas variantes. Mas será muito interessante que também se produzam problemas recorrendo a outros métodos.” Enquanto ditava as suas ideias, a sequência de letras sobre a mesa continuava sendo modificada, por acção do dedo do Sete. Foi neste ponto da conversa que nos apercebemos da chegada de um quarto vulto.

Com uma voz forte, disse: “Sempre a mesma coisa! Nem agora descansam um pouco do policiário. Não há dúvida que lhes está no sangue e já nada o conseguirá extirpar.”

Avarra, tens sempre de interromper o nosso prazer!”, afirmaram os três em uníssono. Ainda estas últimas palavras ecoavam e já só conseguíamos divisar as costas dos quatro amigos, afastando-se para algum lugar para nós desconhecido. Sobre a mesa, já muito indistintas, porque se iam desvanecendo, encontravam-se as letras que formavam a seguinte sequência:

 

H V P Y S P J P H V W V C H K P V H N U T S Z V Z H Q L V L K Z H N P T

 

O que significará esta mensagem? O que estavam Dic Roland, K.O. e Sete de Espadas a engendrar, quando foram interrompidos por Avarra? Ajudem-nos, por favor!

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO