Autor Data 3 de Setembro de 2017 Secção Policiário [1361] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Prova nº 8 (Parte I) Publicação Público |
CRIPTOGRAFIA PARA TODOS Daniel Falcão Todos
nós, policiaristas, mas também seres humanos em geral, somos criptanalistas
proficientes, pelo simples facto de vivermos inseridos numa cultura imbuída
de códigos, os quais determinam as nossas ações, nos fornecem informação e
fornecem informação sobre nós a outros. As
crianças, mesmo antes de aprenderem a falar, começam a descodificar aquilo que
as rodeia. Desde muito cedo, são capazes de ler instintivamente expressões e
gestos e são sensíveis à entoação. A
aprendizagem de uma língua é um processo codificado altamente complexo,
envolvendo não só um conjunto de sons, mas também as regras que os regem,
lado a lado com todos os gestos, entoações e expressões faciais que lhes
conferem um acréscimo de significados. A
descodificação prossegue durante toda a vida, enquanto avaliamos o que está à
nossa volta e aqueles que nos rodeiam, inúmeras vezes de forma inconsciente.
Chegamos mesmo a aprender a ouvir aquilo que não é dito, pois a linguagem
também pode ser utilizada como forma de ocultação, tanto como forma de
comunicação. Compreende-se
que a ocultação também seja endémica nas sociedades humanas, visto que as
linguagens e os gestos secretos são característicos de muitos grupos de
pessoas, podendo servir como meio de esconder mensagens dos não iniciados. É
provável que os códigos, no sentido de mensagens deliberadamente ocultas,
sejam tão antigos como os sistemas de escrita que os tornaram possíveis. Daí
que, desde os tempos mais antigos, tenha sido utilizada uma extraordinária
variedade de formas de escrita secretas. Os
primeiros códigos conhecidos que se serviam da encriptação para ocultar o
conteúdo de uma mensagem remontam há mais de dois milénios e podem dividir-se
em dois estilos: cifras de transposição, em que as letras de uma mensagem são
simplesmente reordenadas, e cifras de substituição, em que cada letra da
mensagem é substituída por uma outra. Uma
das primeiras formas de cifra de transposição baseia-se num algoritmo
relativamente simples, o qual basicamente é uma forma de criar um anagrama da
mensagem original. O sistema Rail Fence,
muito utilizado pelas crianças, proporciona um texto cifrado enigmático,
embora o conhecimento do algoritmo signifique que se torna fácil de
descodificar. Exemplificando
com a mensagem: 25 ANOS DE POLICIÁRIO; para aplicarmos o sistema Rail Fence basta eliminar o espaço
entre palavras e depois reordenar as letras alternadas da mensagem em duas
linhas separadas: As
letras de cada linha devem ser reordenadas como um texto cifrado único
ficando: Claro
que é possível modificar este sistema de múltiplas formas, como por exemplo:
reordenar iniciando pela segunda linha ou reordenar do fim para o início;
tornando-o mesmo mais complicado, utilizando mais de duas linhas (fazendo com
que as letras formem um retângulo ou um quadrado, por exemplo) e com
diferentes opções de reordenação. Bem,
sem mais demora, até porque o espaço é relativamente escasso, obviamente que
não podíamos perder a oportunidade de desafiar os nossos amigos policiaristas
a demonstrar os respetivos dotes de criptanalistas. Na
realidade, aquilo que vos propormos é um duplo desafio. Em primeiro lugar,
pretendemos que nos esclareçam sobre a mensagem que está escondida no
seguinte texto cifrado: A I G P R C T A R T I O P A O D A F O R S Como
estamos certos que não terão grandes dificuldades em encontrar a mensagem
escondida, passamos então ao segundo desafio visto que achamos que não será
difícil explicar qual foi o processo utilizado para obter o texto cifrado
anterior. E, para terminar, porque não exemplificar esse processo,
aplicando-o para cifrar a mensagem que intitula o post de Luís Pessoa
publicado no passado dia 3 de Julho no blogue Crime Público: UM INESPERADO QUARTO DE SÉCULO LP |
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