Autor Data 10 de Setembro de 2017 Secção Policiário [1362] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Prova nº 8 (Parte II) Publicação Público |
QUATRO SUSPEITOS E UMA PISTA Daniel Falcão Os
acontecimentos que hoje vos narramos ocorreram há um bom quarto de século,
num dos primeiros dias de Verão. Como tudo era diferente. Seriam muito
poucos, caso fossem alguns, que imaginariam o modo como as redes sociais e os
telemóveis iriam modificar a nossa forma de agir e relacionar com os outros.
Mas, quem imaginaria que estávamos a poucos horas de um momento marcante na
história do policiário em Portugal. Mas
este assunto não é o foco do texto que me proponho redigir. Em vez disso,
quero falar-vos sobre um homicídio cometido nessa época, nunca até hoje
desvendado. Afinal, parece que existem crimes perfeitos. Um
engenheiro de telecomunicações foi encontrado morto no seu gabinete de
trabalho, situado na empresa de que era o único proprietário. Fora baleado no
peito e tivera morte quase imediata. A
vítima foi encontrada sentada, com o peito e os dois braços sobre a
secretária, estando o braço direito estendido na direção do telefone, tendo
ficado com a mão parcialmente sobre o mesmo. Parecia que a sua derradeira
intenção seria discar um número de telefone, pois a ponta do seu dedo
indicador estava no espaço circular sobre o algarismo oito. Depois
de passarem o gabinete da vítima a pente fino, as autoridades apenas
encontraram, sobre a secretária, uma folha de papel que lhes chamara a
atenção, embora não soubessem entender o seu significado, caso tivesse algum.
Nessa folha apareciam escritos quatro números, cada um com três algarismos.
Um desses números, 374, tinha um círculo em torno dele. Na
época, ninguém conseguiu perceber o que aqueles números, e concretamente o
que era destacado pelo círculo, representaria. Mas algo lhes dizia que
poderia ser uma pista para a identidade do criminoso. Até
porque, no decurso da investigação, o número de suspeitos foi delimitado a
apenas quatro, exatamente tantos quantos os números redigidos pela vítima.
Claro que era possível que não existisse qualquer associação entre os números
e os suspeitos. Tal
como já avançamos, as suspeitas recaíram sobre quatro homens que tinham tido
em tempos ligações com a vítima e que, naquela tarde, como vários testemunhos
puderam confirmar, tinham passado pelo seu escritório. Em todos os casos, quem
naquela tarde passou defronte da porta do escritório, fechada, percebeu que
estava a decorrer uma acalorada discussão. Confirmou-se,
mais tarde, que todos os suspeitos tinham uma desavença com a vítima e todos
eles tinham referido como motivo do encontro naquela tarde terem decidido
resolver, em definitivo, essa desavença. Francisco
Manuel Sousa, residente em Chaves, acusava a vítima de se ter envolvido com a
sua mulher e fora-o avisar para, de uma vez por todas, se afastar dela. Já
José Carlos Vieira, residente em Vila Real, acusava a vítima de lhe ter
pedido emprestada uma grande soma de dinheiro, a qual tardava a ser
devolvida. Por sua vez, Luís Jorge dos Santos, residente em Santo Tirso,
recebera uma sugestão para se envolver num negócio, mas que afinal não
passava de uma fraude. Por fim, Manuel da Costa Antunes, residente em
Espinho, antigo sócio da vítima, tardava em receber o valor pelo qual vendera
a sua quota na empresa. Será
que algum dos detetives que tem concorrido ao longo dos últimos 25 anos na
secção Policiário é capaz de indicar quem teria sido o criminoso? A
– Francisco Manuel Sousa B
– José Carlos Vieira C
– Luís Jorge dos Santos D
– Manuel da Costa Antunes |
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© DANIEL FALCÃO |
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