Autor Data 25 de Dezembro de 2019 Secção Competição Torneio
"Solução à Vista!" – 2019 Prova nº 6 Publicação Audiência GP Grande Porto |
Solução de: CRIME LEAKS Daniel Falcão Na opinião de Gustavo
Santos, estava-se perante um crime passional. Mais um casal desavindo cuja
relação teria terminado, com Alexandre Miguel Duarte a assassinar Manuel José
Carvalho. Possivelmente, tudo teria
começado com mais uma discussão, com ameaças mútuas, em que o homicida ao ser
ameaçado pelo companheiro com a espátula que ele segurava na mão, poderia ter
agarrado no pisa-papéis e desferido o golpe fatal.
Ou, talvez, quem sabe, com o homicida a agarrar no pisa-papéis
para ameaçar o companheiro, este tenha pegado na espátula para se defender,
mas infrutiferamente. Seja como for, o resultado
estava à vista: Manuel José Carvalho morrera em resultado do golpe que
apresentava na cabeça. Mas ainda viria a recuperar a consciência. O tempo
suficiente para, aproveitando a espátula que ainda segurava na mão, deixar
uma mensagem para os investigadores policiais, acusando o companheiro. O homicida, por seu lado,
ao ver o companheiro inanimado no chão e parecendo-lhe que este estava sem
pulsação, apressou-se para sair, como se nada tivesse acontecido, ao encontro
dos amigos que o esperavam. Seria este o seu álibi. Pouco passava da meia-noite
quando Alexandre Miguel Duarte regressou a casa. Assim que entrou em casa,
dirigiu-se ao escritório. Lá estava Manuel José Carvalho, no mesmo local onde
caíra horas antes. Aproximou-se e viu os rabiscos no soalho. Parecia ser um
número com três algarismos: 942. Pensou um pouco e, inteligente como era,
percebeu que se tratava de algo que o incriminava. O que fazer? Deve ter
pensado. Lembrou-se então de percorrer o arquivo de clientes, onde encontrou
o nome de dois clientes que o podiam ajudar a, pelo menos, confundir os
investigadores: Francisco João Sá e Isidro Diogo Baganha. Tudo iria depender
de como seria interpretado aquele 942. Se, por um lado, 942 fosse
interpretado como o número de letras de cada nome do homicida, as suspeitas
recairiam sobre Francisco João Sá: Francisco = 9 letras, João = 4 letras e Sá
= 2 letras. Por outro, se 942 fosse
interpretado como a posição no alfabeto da primeira letra de cada nome do
homicida, as suspeitas recairiam sobre Isidro Diogo Baganha: Isidro = I na 9ª
posição, Diogo = D na 4ª posição e Baganha = B na 2ª posição. A esperança de Alexandre
Miguel Duarte era que os investigadores, perante estas duas possibilidades,
não se lembrassem das notícias que, quase diariamente, surgiam nos meios de
comunicação social: o protesto dos professores com o slogan
942 = 9 anos, 4 meses e 2 dias; o tempo de serviço que pretendiam recuperar. Pois, se tal acontecesse,
perceberiam que o 942 significava o número de anos, de meses e de dias, e que
as primeiras letras de cada uma destas palavras correspondiam às primeiras
letras de cada um dos seus nomes: Alexandre = A de anos, Miguel = M de meses
e Duarte = D de dias. |
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