Autor

D. Chicote

 

Data

Maio de 1983

 

Secção

Clube Xis [10]

 

Publicação

Clube Xis

 

 

Solução de:

CRIME NA MEIA-PRAIA

D. Chicote

 

Os factos: o primeiro desenho mostra-nos uma praia de águas tranquilas, quase paradas, com muita gente apanhando mariscos. O segundo mostra-nos a vítima rodeada de banhistas e o terceiro desenho dá-nos, em pormenor, o fluxo de sangue escorrendo pelo peito da vítima.

Deka acorreu, como os demais banhistas, ao ouvir os gritos. O corpo encontrava-se na linha separadora da areia seca e da areia ainda húmida. Portanto, na zona precisa onde chegou a maré cheia. Havia impressões digitais do Engº Costa no cabo da arma usada no crime.

O depoimento: 1. “De repente vi apenas uma pessoa no barco corri logo para cá, movido por estranho pressentimento”. Não se entende porquê. Podia o amigo ter mergulhado para tomar banho…

2. “Foi quando uma onda atirou o corpo”. Já se viu que não havia ondas.

3. “No momento em que eu ia a tomar”. Por muito perto que o barco andasse da praia, sem ondas, sempre levando certo tempo para o cadáver chegar à praia. Segundo o depoimento (veja 1) tudo fora muito rápido.

4. “Ainda joguei a mão ao punhal”. Mas o curioso é que o punhal continuava cravado no peito do amigo.

5. “Ao ver que já nem sangue corria”. Pura mentira, como se viu. No entanto, se o corpo viesse da água, estaria já lavado do sangue e provavelmente já não traria o punhal espetado.

6. “No corpo nem cheguei a mexer”. Aqui ele falou verdade. Mas, para o corpo estar ali, sendo verdade o resto do depoimento, era preciso que alguém o tivesse arrastado.

Conclusões: As condelipas são apanhadas na maré vazia, durante umas duas horas. A maré leva 6 horas a encher. O corpo estava na linha limite onde a água chegou na maré cheia. Portanto, umas 5 a 7 horas atrás já que, como se viu, agora a maré estava vazia. Mesmo que houvesse ondas, a água, agora, chegava muito mais abaixo. Este era o pormenor principal.

Os gritos que todos ouviram antes do pedido de socorro (obviamente os da vítima), o sangue correndo da ferida, o barco que ninguém mais viu, o tal estranho pressentimento, as impressões digitais do suspeito no cabo do punhal, que continuava cravado no peito da vítima, são pormenores secundários que, no entanto, também servem de prova contra o Engº Costa.

© DANIEL FALCÃO