Autor

D. Chicote

 

Data

Maio de 1983

 

Secção

Clube Xis [10]

 

Competição

Iº Campeonatos Distritais de Decifradores de Problemas Policiários

2ª Jornada

 

Publicação

Clube Xis

 

 

Solução de:

VOLTOU-SE O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO

D. Chicote

 

Os nossos leitores talvez se lembrem da notícia aqui divulgada com o título “voltou-se o feitiço contra o feiticeiro”: António Tecla, apresentando-se no posto da PSP de Portimão com documentos forjados por si próprio e comprometedores do patrão, foi de imediato descoberto e ficou detido.

– Um primeiro pormenor que o denunciou – esclareceu-nos o comandante do posto – foi a falta de dobras nas folhas de carta e de papel selado. Para caberem num sobrescrito normalizado tinham de ser dobradas e Tecla, com a sua mania de ser impecável, não o fez. Outro pormenor foi a data da carta, a mesma que estava no verso do sobrescrito. Se reparar, o carimbo posto no verso das cartas registadas é, geralmente, o da estação dos CTT no destino.

Mas houve mais falhas no plano do falsário. Esclareceram-nos:

– No “Diário da República” de 18 de Março de 1982 foi publicado um diploma elevando o custo do papel selado de 30$00 para 40$00. Como a lei tem 5 dias para entrar em vigor, no dia 19 o papel selado seria vendido com a taxa de 30$00. Além disso, nos primeiros tempos, seriam vendidas as folhas antigas de 30$00 e a taxa seria completada com um selo fiscal de 10$00. Mas, em 2 de Março deste ano, quase passado um ano, a folha comprada vinha já com o selo de 40$00, pormenor que também foi altamente denunciador.

Também não seria natural que o patrão lhe mandasse um importante contrato formalmente ilegal. Mas isso já é pormenor técnico, que ao advogado não passou despercebido, mas irrelevante para a descoberta desta tentativa de burla. Se os decifradores o indicarem, tanto melhor. Nisto de resolver problemas policiários é sempre bom indicar tudo quanto leve à descoberta do caso.

© DANIEL FALCÃO