Autor Data 15 de Abril de 1988 Secção O Detective [46] Competição 2ª Supertaça Policiária -
Cidade de Almada Problema nº 1 Publicação Jornal de Almada |
ACONTECEU NO GRÃO-DUCADO DO
LUXEMBURGO!... Detective Alcopas Apesar
de ser um país pequeno, o Luxemburgo é um dos países mais belos da Europa,
quiçá do Mundo. Infelizmente
a hospitalidade luxemburguesa deixa muito a desejar, sofrendo este povo de
xenofobia, havendo, porém, excepções à regra. Felizmente
a Natureza é pródiga em nos oferecer espectáculos
de rara beleza! Outros atractivos deste minúsculo
país são os seus castelos medievais e os seus monumentos aos heróis e
mártires da I e II Guerra Mundial. Uma
das suas mais belas cidades é Vianden. Fica situada
num vale em forma de «V» e tem como atractivos, um
castelo medieval e um teleférico de cadeirinha com capacidade para duas
pessoas, cada. Este
meio de transporte atravessa no seu percurso, na horizontal, várias vivendas,
um rio largo e gélido, a estrada nacional, uma outra vivenda e finalmente
começa a subir, quase a pique, sobre a vegetação frondosa, até se imobilizar no
cimo da montanha onde se encontra um miradouro e um único café-restaurante. Já
tinha o bilhete na mão e preparava-me para repetir a dose de emoções tidas
aquando da minha primeira visita, quando do cais de embarque oiço e vejo um
grande aparato policial a atravessar a ponte, vindo na nossa direcção. De
repente lembrei-me de ter lido num dos cartazes que se encontravam afixados
em locais apropriados, a visita particular dos soberanos deste país,
acompanhados do rei da Bélgica. Meio
contrariado saí da fila de espera onde me encontrava pois desejava evitar a
confusão e o aglomerado de gente que, certamente, se iriam formar. Rapidamente
resolvi atravessar a rua para o outro lado do passeio e entrei numa loja do
vestuário cujo proprietário era meu conhecido por ter sido outrora meu
vizinho. Tinha
acabado de sair o único cliente e tanto ele como a sua única empregada
procediam às arrumações das camisolas, camisas, calças, cuecas e peúgas que
se encontravam desarrumadas por cima do comprido balcão. Troquei
um longo abraço de amizade com o Sr. Silva e dei uma repenicada beijoca à
Regina. Mirei-a melhor e, mais uma vez, o meu olhar dirigiu-se para os seus
belos olhos azuis. Fiquei, um bom bocado, especado com tamanha beleza numa
mulher de 19 anos. Regressei
à Terra e eu mais o Silva fomos até à porta de entrada observar o que se
passaria lá fora enquanto a Regina continuava com as arrumações. Da
entrada pudemos ver o soberano luxemburguês e o belga dirigiram-se para as
bilheteiras do teleférico, enquanto, para surpresa nossa, a soberana
luxemburguesa, acompanhada de um miúdo com cerca de seis anos e com um balão
pela mão, dirigia-se para a loja onde nos encontrávamos! A
um gesto seu, ela dispensou a guarda e entrou. Foi logo amavelmente recebida
pelo meu amigo enquanto eu assistia às deambulações, pela loja, do puto. Este
parecia ser um peste e tomou como alvo a pobre
Regina, atrapalhando-a no seu serviço. Ela estava quase a perder as
estribeiras e para a animar, pisquei-lhe um olho. Ela sorriu-me de uma forma
bom estranha que me deixou intrigado. Espreitei
para o exterior e vi que os dois monarcas se aproximavam, com o belga na
frente. Puxa, o meu amigo estava com sorte, talvez os jornais fizessem alguma
publicidade à loja, quem sabe! Inesperadamente
ouviu-se um estampido e o embirrento chorou como um desalmado. Alguém lhe
rebentara o balão com um objecto qualquer! O
pior foi a soberana que, estando distraída com a conversa, gritou pensando
tratar-se de um atentado. Aos gritos da rainha, o rei belga acudiu num ápice,
seguido pela segurança. A
loja ficou numa tremenda confusão! Tudo estava em pantanas e os prejuízos
eram enormes! O
meu amigo amaldiçoava os luxemburgueses enquanto a Regina, lívida, a um
canto, tremia. Resolvi
intervir e dirigindo-me aos ilustres visitantes expliquei-lhes que o
estampido fora provocado pelo rebentamento do balão da criança, coisas que
acontecem, os miúdos são terríveis e aldrabices do género. Visivelmente
atrapalhados, os soberanos prontificaram-se a pagar no mesmo instante todas
as despesas. O Silva aceitou e ficou novamente bem disposto.
Quando
todos saíram, a menina dos olhos azuis atirou-se a mim, beijando-me
repetidamente na face. Suportei corajosamente este «sacrifício» e quando ela
se acalmou, agradeceu-me por a ter livrado de um bom sarilho e de pagar todos
os prejuízos. O Silva olhava-nos atónito sem nada perceber! Aproveitei a
deixa e convidei-a para irmos até uma pastelaria do lado de lá do rio, junto
à ponte. Mais
tarde quando a Regina me contou com que objecto
rebentara o balão e de onde o retirara e o escondera, senti um calafrio pelo
esófago abaixo. Tinha-me engasgado com o sorvete e depois de muito tossir,
ri-me perdidamente! Mais calmo, olhei-a de outro
modo, com mais admiração. Fiquei contente por a minha amiga ter demonstrado
inteligência e pedi-lhe autorização para utilizar a sua ideia na produção de
um problema policiário. Aqui está ele mas agora reparo que cometi um erro!...
1)
– Qual foi o erro que cometi? 2)
– Que objecto rebentou o balão e de onde foi
retirado? |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|