Autor Data 18 de Outubro de 2015 Secção Policiário [1263] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2015 Prova nº 8 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: O 1º CASO DO INSPECTOR FERREIRA Detective Jeremias O
inspector Ferreira sabe que na investigação
criminal é importante ser perspicaz e, ao mesmo tempo, é necessário ver para
além do que está à vista. É isso que ele tenta fazer sempre. Quando
a sua equipa ficou com este caso, a hipótese de o ourives estar implicado no
golpe foi descartada, não só por o Sr. Prata apresentar a documentação em
ordem, mas também por ser ele o principal lesado. Depois, tudo corria bem,
como numa engrenagem bem oleada: não há contradições entre as declarações à
polícia, do ourives e da testemunha, e os elementos de prova recolhidos no
local; e, ouro sobre azul, o gorro de ski usado pelo assaltante tem material
biológico suficiente para obter o perfil de ADN. Posto
isto, vamos ao que interessa, ou seja, a forma como o inspector
Ferreira analisou os depoimentos dos diferentes suspeitos. Por
causa da bicicleta, o Toupeira parece ter culpas no cartório. Sai cedo de
casa e, considerando o factor tempo, teria sido possível
introduzir-se na ourivesaria antes de o proprietário chegar. Também o
testemunho das suas duas amigas poderá não ser relevante, dado o sucesso do
Toupeira junto do sexo feminino. Mas o Ferreira rapidamente se dá conta que o
uso, permanente e obrigatório, de óculos desvia este homem do papel de
principal suspeito, porque o Sr. Prata fora bastante claro e preciso nas suas
declarações. O
Enguia é outra música. A caderneta do banco mostra que foi feito um
levantamento, mas não indica nem a hora, nem quem efectuou
essa transação. No entanto, o Ferreira sabe qual é a instituição bancária e
que a caderneta só pode ser utilizada no interior, num local habitualmente
sujeito a filmagem. Sabe igualmente que também o acesso da via verde da auto-estrada é controlado. A justificação que o Enguia
apresenta até pode ser verdade, mas se saiu de Santarém à hora indicada
conseguiria chegar ao centro de Lisboa a tempo de preparar o golpe. Este
suspeito mantem-se como tal e o Ferreira passa ao cliente seguinte. O
Patinhas apresenta como álibi o facto de ter o carro bloqueado pela Emel por ter excedido o tempo de estacionamento e diz
também que o carro é novo, 100% eléctrico e está
“devidamente identificado com tudo a que tem direito”. Quando o inspector Ferreira anotou as declarações não reparou, mas
mesmo antes de contactar a Emel apercebeu-se de que
o Patinhas devia estar a mentir. É que os veículos 100% eléctricos
identificados com o Dístico Verde não estão sujeitos a pagamento de tarifa de
estacionamento nem são obrigados a cumprir o limite de tempo. O Patinhas com
a sua obsessão pela poupança não podia deixar de aproveitar este benefício. O
Ferreira sabe que o Dístico Verde é válido por um ano e que o carro é “novo
em folha” e, por isso, ainda estará dentro da validade. Assim, o inspector Ferreira considera o Patinhas como o principal
suspeito e o primeiro telefonema que irá fazer será para a Emel. |
© DANIEL FALCÃO |
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