Autor

Detective Misterioso

 

Data

6 de Setembro de 1991

 

Secção

O Detective - Zona A-Team [134]

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

Solução de:

ALGURES NUMA ALDEIA DA BEIRA ALTA…

Detective Misterioso

 

1ª – O Agente Prata verificou «in loco» que as pedras roubadas eram falsas, devido à existência de partículas prateadas, nos orifícios onde as mesmas tinham estado coladas.

Ele era conhecedor de que a pedra falsa é uma pedra «morta» e sem brilho próprio.

Também era conhecedor de que, em ourivesaria, e para suprir a falta de brilho natural, a pedra é espelhada a prateado ou a dourado, na sua base ou fundo, a fim de que as mesmas tenham reflexão de incidência (emissão de raios brilhantes semelhantes aos das pedras preciosas).

Ora quando assim acontece, estas pedras, porque são coladas (impossível outra forma de colocação pois tratava-se de uma imagem em gesso), ao serem arrancadas à força, parte da sua espelhagem, devido à cola aplicada, fica agarrada à cavidade onde estiveram colocadas.

Ao verificar aqueles vestígios, não teve qualquer dúvida quanto ao valor das pedras roubadas, elas eram mesmo falsas. Se tais vestígios não fossem visíveis nos orifícios, então sim, as pedras seriam verdadeiras, pois estas, devido ao seu brilho natural, não necessitam de tais «artimanhas» para mostrarem todo o seu real esplendor.

2ª – O ladrão como é fácil de verificar foi o Manuel António já que se referiu como não sendo suas, as pegadas existentes. Ora, esse pormenor, bem como todos os outros que o Agente Prata descobriu, ficaram só para si, logo, o Manuel António, se não tivesse sido o autor do roubo, teria que desconhecer o facto.

3ª – O caso passou-se mais ou menos da seguinte maneira:

O ladrão já há muito pensava roubar as pedras, convencido, como aliás toda a gente, do seu grande valor. Naquela noite, a coberto da escuridão forçou a janela da capela e entrou. Dentro, talvez servindo-se de alguma vela do próprio templo para se alumiar, dirigiu-se junto à imagem, utilizando, muito possivelmente um canivete (razão dos riscos e falhas de gesso que o investigador viu nos orifícios do manto da Santa), retirou todas as pedras, saindo por onde entrou, tendo no entanto, o cuidado de deixar a janela fechada.

Encantado da vida retirou-se para casa, mal sabendo que levava no bolso um montão de pedras sem qualquer valor.

© DANIEL FALCÃO