Autor

Detetive Jeremias

 

Data

10 de Junho de 2023

 

Secção

O Desafio dos Enigmas [164]

 

Competição

Torneio "Solução à Vista!" – 2022

Prova nº 9

 

Publicação

Audiência GP Grande Porto

 

 

Solução de:

O ROUBO DO CONDE BARÃO

Detetive Jeremias

 

Na verdade, nesta história todos os moradores são suspeitos, até prova em contrário. A ausência de sinais de entrada forçada na porta de acesso ao prédio ou a impossibilidade de entrada de intrusos assim o determina.

O espaço do rés do chão é ocupado pela pequena tabacaria.

No primeiro andar moram Flora e Albino, a passar algumas dificuldades económicas, o que poderia ser um motivo para roubar o dinheiro. Flora fica eliminada como culpada, porque não faria sentido o seu empenho em descobrir o ladrão. Albino está fora das desconfianças de Flora, mas pode ter-se esgueirado durante a noite sem que a irmã desse por isso, apesar das insónias.

No segundo andar vivem as irmãs Godinho, que também estão excluídas do grupo dos culpados, devido às limitações físicas. Além disso, não se vislumbra qualquer motivação para cometerem o crime.

No terceiro andar mora o senhorio Feliciano. Aparentemente, Feliciano é a principal vítima do crime. No entanto, se fosse ele o culpado, ao intimidar os inquilinos teria a possibilidade de voltar a receber o dinheiro, ou mesmo levar o despejo a avante, arranjando novos inquilinos com rendas mais ajustadas aos seus interesses de proprietário e de jogador do casino. Para ele seria fácil soltar o cadeado com discrição, dada proximidade da caixa das rendas.

Nas águas-furtadas mora a Emilinha. Tem acesso fácil à caixa, possibilidade de arrombar, de retirar o dinheiro das rendas e de se fingir assustada. Não parece uma pessoa particularmente inventiva, mas a necessidade aguça o engenho. A forma como é tratada por Feliciano poderia ter desencadeado um arrojado desejo de vingança.

Alguns dos residentes tiveram oportunidade e motivos para roubar. No entanto o ladrão incrimina-se porque fala demais.

O senhorio afirma ter visto a caixa das rendas intacta. Sabe-se que dinheiro e cheques são recolhidos por Emilinha. Perante estes dados seria impossível Feliciano ter conhecimento da falta de pagamento dos Silva. Feliciano, ao acusar Flora e Albino de caloteiros, revela ter visto o conteúdo da caixa e a ausência do cheque.

Flora, como responsável da contabilidade e habituada à leitura de livros policiais, apercebeu-se com facilidade do erro do senhorio, identificando o ladrão: Feliciano.

Feliciano, com pouca sorte nos jogos de azar e muito inábil nos jogos de gatunagem. 

© DANIEL FALCÃO