Autor Data Abril de 2005 Competição I
Torneio Policiário “O Lidador… das Cinzentas” Prova nº 3 Publicação (em Secção) |
Solução de: CRIME SEM CASTIGO… HÁ 2000 ANOS! Dic Roland Os
conhecimentos relativos a serpentes, adquiridos pelo investigador num dos
mais importantes estabelecimentos de Ofidiologia do
mundo – o Instituto Butantan, de São Paulo (Brasil)
– permitiram-lhe identificar imediatamente a cobra A. Halys
(género Ancistrodon). Esta serpente, porém, não
existe em África. Trata-se de uma espécie muito venenosa, cujo habitat se
situa a norte da Ásia, embora se estenda também nas regiões europeias
limítrofes, a noroeste do Mar Negro e do Mar Cáspio. (a) Terminada
a investigação relativa às pessoas que contactavam com a rainha (excluindo,
naturalmente, as duas escravas mortas), o investigador verificou que apenas
uma teve oportunidade de conseguir dispor da A. Halys
encontrada na arrecadação: o oficial romano Dércetas.
Só ele poderia ter trazido a serpente, fácil de encontrar na Dácia e nas
costas do Mar Negro. E
qual o móbil do crime? Lembremo-nos
que Dércetas era um grande amigo de Marco António,
e não perdoou a Cleópatra a traição de o ter abandonado em Áccio, durante a batalha que terminou com a derrota do
seu chefe. Premeditou a vingança e aproveitou a viagem para trazer o animal. Conhecedor
dos hábitos do palácio, agiu com a necessária discrição e rapidez, porventura
com o auxílio de um dos seus soldados. As escravas sofreram a mesma sorte,
para que não houvesse testemunhas do crime. A
serpente foi depois morta e escondida na arrecadação, para ser mais tarde
retirada e destruída. A
rápida intervenção de Octávio, ao chamar o investigador, impediu Dércetas de concluir o seu trabalho. Em
tempo: Foi pena que o Confrade M. Constantino não tivesse tido conhecimento
desta operação policiária. Em minha modesta opinião, trata-se de uma lacuna
grave no seu excelente trabalho sobre a História
da Narrativa Policial – Vol. I – Da Bruma dos Tempos a Sherlock Holmes. Paciência… (a)
Vide “Os Segredos da Natureza – Anfíbios e Répteis” (Edição de Ediclube), p.177: “A
«mocassin» Ancistrodon Halys vive na Ásia mas a sua área de distribuição
entende-se até ao oeste da foz do Volga, pelo que pode considerar-se
igualmente europeia…” |
© DANIEL FALCÃO |
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