Autor

Dr. Acéfalo

 

Data

18 de Outubro de 1992

 

Secção

Policiário [68]

 

Competição

Torneio de Preparação

Prova nº 2

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

O AGENTE ÁLIBI

Dr. Acéfalo

Comentário de Luís Pessoa

Esta prova foi uma das que nasceram mal e portanto mal hão-de morrer. Há coisas assim. Na realidade, não se verificou no problema a necessária concretização e pormenorização, não tendo saído na sua versão integral, provocando duas situações curiosas: por um lado, estragou-se um problema que, não sendo de enorme qualidade, poderia ser um bom exercício; por outro, originou um leque fabuloso de soluções, dentro daquela máxima que indica que quanto melhor é o problema piores são, de um modo geral, as soluções, e o inverso. Na realidade, perante um problema indefinido e não concretizado, os solucionistas, de um modo geral, lançaram-se ao que existia e fizeram soluções excelentes que só a falta de espaço nos impede de publicar.

Como muitos verificaram, a chave do problema relacionava-se com a porta espelhada e com as movimentações da secretária. O que falhou foi dizer-se que “a superfície espelhada funcionava pela variação de luminosidade” e portanto era sempre visível o que se passava no lado “mais iluminado”. Para cometer o crime, a secretária disfarçada, ou alguém com a sua conivência, abria a porta de acesso ao pátio, por onde entrava, como se diz no texto, “uma magnífica luminosidade…”, o que iria inverter o lado visível e tornar possível que o tal indivíduo fosse visto a matar o notário. Não sabemos se todas as superfícies espelhadas funcionam segundo este sistema, o que tornaria o problema correcto e inatacável, mesmo com a versão actual, mas foi-nos dito que existem espelhos de face única. Daí estes comentários e a justificação, também, para uma certa "benemerência" em termos de classificações.

© DANIEL FALCÃO