Autor Data 3 de Abril de 1994 Secção Policiário [144] Competição Torneio Rápidas Policiárias
1994 Prova nº 9 Publicação Público |
O INSPECTOR CELUCIN DECIFRA O MISTÉRIO DA ESTRADA Dr. Canio O Inspector
Celucin ouviu a explicação do agente que primeiro chegou
ao pé da viatura. Segundo ele, a vítima tinha sido esfaqueada sem oferecer
resistência. O agente pensava que o assassino tinha sido salpicado pelo
sangue da vítima, pois perto do cadáver encontrava-se um frasco, sem rótulo,
quase cheio de álcool, que o agente deduzia ter o assassino utilizado para
lavar as mãos e fazer desaparecer os sinais de sangue. “Depois”, disse o
agente, “alguma coisa o terá feito fugir antes de ter tempo de consumar o
roubo”. Sem razões para duvidar
daquilo que o agente dizia, o inspector Celucin foi então ouvir as declarações dos dois homens
que acompanhavam aquele que estava prostrado no solo. Em primeiro lugar ouviu
Umbelino: “Somos três sócios que íamos a uma reunião de trabalho e que
ficámos aqui parados na berma com falta de gasolina. Como o carro é meu e o
descuido também foi meu, fui eu que tive de ir buscar gasolina a uma bomba
que fica mais ou menos a dois quilómetros. Quando voltei encontrei o Ósmar
esfaqueado e não havia sinais do Alípio. Não mexi em nada e chamei imediatamente
a polícia pelo telemóvel. Pouco depois apareceu o Alípio dizendo que tinha
sido agredido quando estava no mato”. Em seguida Celucin ouviu Alípio: “Depois do Umbelino ter ido buscar
gasolina viemos cá para fora conversar. Passado algum tempo deu-me uma
vontade muito forte de fazer uma necessidade fisiológica. A cunhada do meu
primo de Viseu convidou-nos para irmos a casa da avó de uma amiga para uma
patuscada, sabe como é. Um desarranjo intestinal,
foi no que deu! Então fui para o mato, escolhi um sítio, baixei as calças e
não me lembro de mais nada. Quando cheguei ao pé do carro o Ósmar estava assim e o Umbelino disse-me que já tinha
telefonado para a polícia. Não sei mais nada”. O inspector
Celucin passou de seguida a investigar os objectos que estavam no local. A faca estava caída ao pé
do corpo, junto ao frasco. A terra não se encontrava demasiado revolvida, nem
Ósmar apresentava sinais de ter resistido. A sua
carteira estava dentro do bolso do casaco e continha dinheiro e documentos. O
automóvel não apresentava nenhum sinal de vandalismo ou furto. O estojo de
primeiros socorros estava no banco de trás com o conteúdo espalhado, os
frascos de mercurocromo e tintura-de-iodo com o nome bem visível, bem assim
como um de água oxigenada e outro de álcool. As ligaduras e as gases esterilizadas também estavam espalhadas. A mala
do carro estava trancada e as chaves continuavam na ignição. O agente
aproximou-se e o inspector confidenciou-lhe que: a) O assassino foi
Umbelino, pois está a mentir. b) O assassino foi Alípio,
pois está a mentir. c) O assassino foi uma
qualquer pessoa, estando ambos inocentes. d) Ósmar
suicidou-se, deitando por terra a tese do agente. |
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© DANIEL FALCÃO |
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