Autor

Durandal

 

Data

18 de Julho de 1986

 

Secção

Detective [7]

 

Competição

1ª Supertaça Policiária - Cidade de Almada

Problema nº 1

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

Solução de:

SEXTA-FEIRA NEGRA

Durandal

 

A janela aberta parece denunciar que o crime terá sido cometido por alguém vindo de fora. Porém, tal não é possível, porquanto:

a) – João não deu por nada e, obviamente, daria pela entrada de um intruso. Igualmente a vítima reagiria se tivesse sido incomodada por alguém vindo do exterior sem que se deixasse abater distraidamente como aparenta.

b) – A janela aberta é ao nível do 1.º andar e não há sinais de escada, não esquecendo, também, que a moradia era rodeada por altos muros.

c) – Dada a hora da morte e a tempestade que se abateu sobre Lisboa, haveria água da chuva nu escritório e o parapeito da janela estaria encharcado assim como existiriam sinais de terra vermelha dentro do gabinete. Ora não há qualquer referência a essas anomalias.

Sendo o crime praticado por alguém de dentro, afastado está João. No depoimento de Genoveva também não há qualquer elemento que a possa incriminar.

Resta-nos culpar Jorge Soares e a Alice de Sousa que, concluiados, praticaram o crime abrindo depois as janelas numa tentativa de lançar suspeitas sobre alguém vindo do exterior. Jorge Soares trai-se ao referir que estava a preparar as alegações de uma apelação que seria julgada na semana seguinte. Mas as alegações nos processos de recurso são feitas logo após a distribuição no prazo previamente fixado pelo relatar. Após as alegações seguem-se os vistos e só depois o processo sobe à sessão, para ser julgado, sem qualquer notificação ao Advogado.

Alice de Sousa refere que fora levar comprimidos a Tibúrcio após o despertador tocar às 12 horas. Mas nenhuma referência se faz ao copo de água e ao tubo de comprimidos, e o despertador piscava pelo que faltara a luz. Necessariamente que a luz faltara durante a tempestade ou seja antes das 11 e 30.

© DANIEL FALCÃO