Autor

Fantasma

 

Data

19 de Agosto de 1976

 

Secção

Mistério... Policiário [75]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [151]

 

 

A CARTEIRA QUE DESAPARECEU…

Fantasma

 

No edifício de um estabelecimento escolar americano, encontrava-me eu em conversa com o Director, no gabinete deste, quando nos apareceu um rapaz muito excitado a dizer-nos que tinham agredido o Bill, seu companheiro de quarto. Seguimos sem perda de tempo para o quarto dos rapazes onde fomos encontrar o referido Bill já a querer levantar-se, a muito custo, ainda meio azambuado e a queixar-se da cabeça, onde tinha uma longa ferida, feita por forte pancada com um instrumento contundente, com o sangue já coagulado, que lhe empastava os cabelos aloirados dando-lhes uma tonalidade escura…

Daí a pouco, dizia-nos a vítima:

– Vinha no corredor, quando reparei que a porta do quarto estava entreaberta. Aproximei-me, julgando que era o meu colega que estava ali e mal empurrei a porta logo vi a gaveta aberta… Como ali tinha posto a carteira, corria para lá, quando recebi uma violentíssima cacetada na cabeça… Ia, agora, a começar a levantar-me… Não vi ninguém.

Passada revista à gaveta, lá não estava nenhuma carteira… nem no quarto que, de alto a baixo, foi passado a pente fino. Voara…

Foi então que, voltando-se para o rapaz que nos avisara, o Director pediu:

– E então Bill, nada tens para nos dizer? Ao que o rapaz respondeu:

– Pouco… Estava ali na sala ao lado a ouvir música. Depois, para não estar a fazer barulho, resolvi pôr os auscultadores e começar a ouvir em surdina todo o lado 1 do álbum «Dressed To Kill», dos Kiss. Ao acabar a primeira canção, senti urna repentina comichão no ouvido e tirei os auscultadores… Foi então que ouvi como um baque de uma coisa pesada a cair, mas sem fazer grande estrondo… Depois ouvi bater uma porta… Levantei-me e fui ao corredor, mas não vi ninguém. É natural, visto que a primeira esquina fica a cerca de metro e meio da porta deste quarto que, só então reparei, estava encostada… Como não era hábito, vim ver o porquê… e encontrei o Bill estendido no chão sem dar acordo de si… Corri logo a chamar os senhores, e o resto já o sabem…

De regresso ao escritório, eu e o Director percorremos em silêncio aqueles cinquenta metros de corredores, depois de termos mandado o Bill para a enfermaria, e foi quando nos íamos a sentar, que o Director, a meio caminho de realizar esse acto e, olhando-me por cima dos óculos, se saiu com esta:

– Boa piada!... Vê lá tu que ainda há bem pouco tempo, por causa de uma coisa no género, andou por aí uma discussão a propósito…

– Já sei o que queres dizer!... – atalhei de repente.

A história foi «cortada» ali… porque nós vamos perguntar:

 

1– Acha possível a história ter-se passado assim?

2 – Porquê? Justifique.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO