Autor Data 5 de Novembro de 1993 Secção O Detective
- Zona A-Team [195] Publicação Jornal de Almada |
O ORADOR Faria Há
pessoas que gostam muito de se pavonear fazendo alarde de grandes
conhecimentos, o que aliado a um bom dom de palavra,
leva ao rubro algumas pessoas menos esclarecidas. João
Assunção é uma dessas pessoas, não o fazia por mal, mas estava-lhe no sangue.
Há
dias numa festa em que eu, Inspector Faria, estava
presente, a um canto da sala, lá estava ele fazendo alarde dos seus
conhecimentos. Dizia
ele que – Copola deveria ter humanizado ainda mais
o seu ET, enquanto que Spielberg deveria ter tratado
o seu Drácula com menos erotismo, mas enfim, contra isso ele nada podia
fazer. Fátima,
prima do Assunção, torcia o nariz nada satisfeita com o que ouvia, enquanto que Elizabete sorria orgulhosa enquanto saboreava
um volumoso Whisky, ou não fosse ela esposa do Assunção. –
Mas ele continuava e desta vez virando-se para a segunda grande guerra,
adiantava que, Rommel mereceu ser executado e,
lamentava que um País como a Alemanha tivesse visto nascer no seu seio um
carniceiro como Hitler. Manuel
João, seu primo, ouvia-o atentamente, talvez sentindo algum orgulho pelo
orador, ou lamentando não ter os seus conhecimentos, uma vez que eram grandes
rivais. Virando-me
para Fátima, vejo que ela continuava nada satisfeita com o que ouvia, mas não
tive oportunidade de me dirigir a ela, porque o nosso orador continuava,
desta vez virando-se para a história Antiga e – adiantava que Virgílio ao escrever a
Ilíada
deveria ter tratado melhor a narrativa dos combates dos Gregos, junto de Tróia,
etc., e, depois que Remo só foi o primeiro Rei de Roma, depois de ter
assassinado o seu irmão Rómulo. Fátima
já não podia suportar mais o que ouvia e preparava-se para intervir, quando
eu a impedi, dizendo-lhe: –
Espera, não o faças, deixa que sejam os policiaristas
a fazê-lo… E
assim, eu termino, perguntando: –
Quais os erros cometidos pelo orador? Justifique. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|