Autor Data Janeiro de 1984 Secção Clube Xis [18] Competição Iº Campeonatos de Zona de
Decifradores de Problemas Policiários e IIº Campeonatos Regionais de
Decifradores de Problemas Policiários e IIIº Campeonatos Distritais de
Decifradores de Problemas Policiários 4ª Jornada Publicação Clube Xis |
À MARGEM DA POESIA Ferman O meu tio
Felisberto foi um importante profissional de artes tipográficas. Ainda hoje
recebe, uma vez por outra, mostras de respeito e
admiração vindas da gente que com ele privou ao longo de 50 anos de actividade. De espírito
sagaz e bonacheirão, não me deixa sair – sempre que lhe faço uma visitinha –antes de me contar um caso com ele passado. Caricata, estranha, encantadora,
há sempre uma nova história para o relógio se “adiantar”… Da última vez
que me “atrasei” surpreendeu-me com uma, passada em alturas da 2ª Grande
Guerra, quando Lisboa era antro de espionagem e contra-espionagem.
Contou-me que
num dia chuvoso e particularmente desagradável, surgiu, na Gráfica onde
trabalhava, um sujeito esquisito que encomendou a publicação de uma poesia
deveras enigmática, para sair num dos mais lidos diários da época!…
Habituados como estavam a trabalhar aquele tipo de material tão bizarro, os
comentários foram jocosos, mordazes, mas ficou-se por aí. Só que o meu
tio, cheio de curiosidade, levou o esboço original para casa. Tentou
desvendar uma hipotética mensagem; mas, qual quê!? Ou era uma coisa mesmo
complicada ou, então, o raio do “poema” era assim tal e qual!!! Passaram-se os
anos… Mais tarde, o
meu primo Helder, licenciado um Germânicas, foi
colocado em Viena. Quando foi despedir-se do bom do Felisberto, este não
perdeu o ensejo de lhe dar a ler “aquilo”. Não sei como, mas o Helder desvendou a mensagem (que existia de facto, num
ápice. Pois bem:
adora o testado seria eu!… Dei-lhe uma olhadela, mirei e remirei o papel, mas… O tio bem
dizia que eu sabia, que era bom em línguas, que era sabido em História, pr’aqui e pr’ácolá, mais isto e
mais aquilo, … só que eu continuava a zero. Haveria
mensagem? Não seria o espirituoso do Felisberto com outra das suas?! Que não, que
havia uma frase, um código porventura, e que – se eu o descobrisse – ele me
ofereceria a tal grafonola ambicionada por mim há anos!… É pá!!! ‘Pera aí!!! Febrilmente
senti uma predisposição arrebatadora e, pegando na folha, virei de todas as
formas e feitios o texto que… se manteve indecifrável. Então, num
rasgo de génio… …Afinal
tínhamos mensagem e… uma linda grafonola para fazer inveja à malta da rua!!! Pergunto: – literalmente, qual a mensagem? – como a desvendou? |
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© DANIEL FALCÃO |
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