Autor Data 15 de Outubro de 2006 Secção Publicação O Almeirinense |
O LEITOR RESOLVE Figaleira O
leitor tem um amigo que é grande estudioso de História e colecciona
peças, artigos e relíquias históricas, o qual teimou consigo para o
acompanhar a uma exposição em que se vendem “troféus históricos a um preço
inigualável”, organizada por um antiquário de renome, que diz vender parte da
sua colecção para custear outra viagem
arqueológica. O
leitor e o seu amigo entram na sala e são apresentados ao expositor, que se
mostra muito agradável e se dirige convosco para as mesas e vitrinas onde se
encontram os exemplares e troféus. Ele pretende convencer-vos, fazendo
comentários sobre os objectos e o seu preço. Pega
num e diz: “Eis uma pulseira de ouro puro, encontrada no túmulo de um dos
mais antigos faraós egípcios. Reparem nos característicos hieróglifos que
contém. E aqui (acrescenta ele, apontando para uma figura de um oriental,
rechonchudo e de cócoras) está um Buda autêntico, vindo do Tibete.” Depois,
conduz-vos para outra mesa, pegando noutro objecto:
“Eis um verdadeiro tesouro (exclama) – uma inscrição recolhida num túmulo
persa.” Passa os dedos sobre os caracteres, já amarelecidos e ressequidos,
apontando para um canto da folha. “Olhem para isto – 60 a.C. É o que,
realmente, lhe dá um valor incalculável! Ah, como lamento ser obrigado a
vender todos estes tesouros!” Ambos
continuam a apreciar as demais peças expostas – antigos toucados indígenas,
armas, roupas, utensílios de cozinha e coisas do género. Entretanto, o
expositor pede desculpa e afasta-se, para atender uma chamada telefónica. O
seu amigo vira-se para si, entusiasmado: “Não é maravilhoso? Esta é uma
oportunidade como há poucas, de enriquecer a minha colecção.
Estou desejoso de começar a falar com ele sobre os preços.” O
leitor detém o seu amigo pelo braço e diz-lhe: “Se estivesse no seu lugar,
começaria por investigar, seriamente, a origem de certos objectos.
Alguns podem ser autênticos, mas um, pelo menos, tenho a certeza de que é uma
falsificação…” Pergunta-se:
Qual a razão desta afirmação do leitor? |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|