Autor Data 2 de Outubro de 1975 Secção Publicação Mundo de Aventuras [105] |
Solução de: FOI UM AR QUE LHE DEU Fong Si Yu O
Jorge apontou… a Joana, exactamente! Se não,
vejamos: a Aidinha estava na cozinha – ilibada,
portanto. O leitor tinha assim, que escolher entre o Baptista e a Joana… O
primeiro, na Biblioteca, que dava para o quarto da dona Leopoldina (e vejam:
se lá tivesse entrado não seria visto por ninguém, basta olhar a planta) e a
segunda, fora de casa. Mas demorara 20 minutos a chegar até ela, um percurso
de 5 minutos… e também sabia já qual a jóia que
fora roubada… ninguém lhe tinha dito… Concluímos
o quê, então? No caminho para casa, a Joana vira pela janela do quarte da
velha senhora o color… e soube aproveitar o momento em que a senhora saía do
quarto para saltar a janela (aberta, estava escrito) e roubar a jóia. Esperou mais uns minutos, escondeu-se sabe-se lá onde,
e depois… tocou! Solução
de Dr. Labirinto Jorge
chegou à conclusão de que Joana era a ladra, fazendo as seguintes deduções:
Ele não fora. Baptista também não, devido a ele estar atarefado, absorto na limpeza
e arrumação dos livros e não poder ver (portanto saber) se D. Leopoldina
estava ou não no seu quarto, apesar da porta de comunicação com a Biblioteca
estar entreaberta – comprovado por Jorge momentos entes. D. Leopoldina saíra
pela porta de comunicação para a sala de visitas, onde está Jorge a ver
televisão e vai à cozinha falar com Aidinha – coisa
que ele ouve e por isso exclui a Aidinha, até
porque não tem tempo de ir, para fora, ao quarto… No quarto há uma janela,
que está sempre aberta, e duas portas. O ladrão teria que entrar por uma das
portas ou pela janela. Pelas portas, não passaria sem ser visto ou por
Baptista ou por Jorge. Resta-nos a janela, e foi por lá que entrou o ladrão…
Baptista nada ouviu visto estar absorto na limpeza e arrumação dos livros.
Joana veio da estação (Jorge tinha ouvido o apito do comboio havia 20
minutos) chegou a casa mais ou menos no tempo normal e, não só porque a ocasião faz o ladrão mas porque
gostava de fazer mão baixa das coisas alheias (presumo, e irá ser verificado…)
espreita e a tentação é superior às suas obrigações… Salta pela janela sem
fazer barulho e rapidamente rouba o colar, regressando por onde entrara…
Simples e rápido… Esconde….Toca à porta… Quando entra vê a senhora e os
outros com cara de caso, e perguntando, a senhora explica que lhe roubaram
uma das jóias… a mais valiosa, talvez… e quando vai
a especificar que jóia era, rompe novamente em
choro e acaba por nada dizer. Joana diz que pelo caminho não viu ninguém e
consola-a, dizendo-lhe que a polícia não tardará a descobrir os ladrões do
colar… É sobre esta frase que Jorge baseia o seu raciocínio. A D. Leopoldina
não chega a dizer que foi o colar de rubis… Mas Joana sabe que foi essa peça,
o colar! Mais uma vez se justifica que «pela
boca morre o peixe»… Solução
de L. P. 1
– Por um processo pouco ortodoxo e talvez superficial, o criminoso, aliás
ladrão a que Fong Si Yu
pretende atingir é realmente JOANA. Vou passar a comprovar, a pouca
consistência da tese da sua culpabilidade. Vejamos: a)
De entre todos os ocupantes da casa, mais a Joana que surgiu depois, todos
poderiam ter cometido o furto, excepto a Aidinha, que não tinha acesso ao quarto, uma vez que
passava obrigatoriamente por Jorge ou Baptista, além de que estava a atender
a sr.ª D. Leopoldina. Portanto, a Aidinha não pode ter sido a ladra. O
Baptista podia ter cometido o furto, já que se encontrava separado por uma
porta, do local do roubo. Jorge,
igualmente o poderia ter cometido. Não seria a primeira, nem a segunda vez
que o chamado «herói» cometia o roubo. Nada nos prova o contrário. A
D. Leopoldina também seria suspeita. Não nos é dito se haveria ou não seguro
das jóias, o que poderia ser uma tentação. Finalmente
surge a JOANA, a quem Fong Si Yu
quer atirar pare o fogo, sem que haja a certeza de ter sido ela. Senão
vejamos: 2
– Jorge, armado em detective, por sinal bastante
mau, terá pensado nos seguintes factores: a)
Janela sempre aberta, convidando ao roubo; b)
Prévio conhecimento do local onde se encontravam as jóias; c)
Demora de mais de 15 minutos, excesso, em chegar à casa; d)
Possível «caída» de Joana ao revelar o nome da ióia
que desaparecera, quando ninguém lhe havia fornecido esse dado; e)
Circunstância de Joana dizer que não vira ninguém no caminho da estação. Passo,
agora, a rebater as 5 alíneas: a)
Pela janela… quem nos garante que o roubo foi feito por lá? Porque não pela
sala de visitas ou pela biblioteca? b)
Não saberiam o Jorge ou o Baptista onde elas se encontravam? c)
Porque não?... Porque havia Joana de ir directamente para casa? Porque não poderia encontrar
alguém conhecido na estação? (Já que no caminho não encontrou?) d)
Porque não havia Joana de saber que era o colar, se a D. Leopoldina revelou
que era a sua mais valiosa jóia? Isso identificava
ou não o colar? e)
Haverá apenas um caminho de saída de casa? (Aquele que leva à estação?) Perante
isto, nenhum detective com «dois dedos de cabeça»,
poderia culpar Joana. E que tribunal a poderia condenar, se ela não
confessasse, entretanto, e se não fosse encontrado o colar em sua posse? |
© DANIEL FALCÃO |
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