Autor

Fong Si Yu

 

Data

2 de Outubro de 1975

 

Secção

Mistério... Policiário [29]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [105]

 

 

Solução de:

FOI UM AR QUE LHE DEU

Fong Si Yu

 

O Jorge apontou… a Joana, exactamente! Se não, vejamos: a Aidinha estava na cozinha – ilibada, portanto. O leitor tinha assim, que escolher entre o Baptista e a Joana… O primeiro, na Biblioteca, que dava para o quarto da dona Leopoldina (e vejam: se lá tivesse entrado não seria visto por ninguém, basta olhar a planta) e a segunda, fora de casa. Mas demorara 20 minutos a chegar até ela, um percurso de 5 minutos… e também sabia já qual a jóia que fora roubada… ninguém lhe tinha dito…

Concluímos o quê, então? No caminho para casa, a Joana vira pela janela do quarte da velha senhora o color… e soube aproveitar o momento em que a senhora saía do quarto para saltar a janela (aberta, estava escrito) e roubar a jóia. Esperou mais uns minutos, escondeu-se sabe-se lá onde, e depois… tocou!

 

Solução de Dr. Labirinto

Jorge chegou à conclusão de que Joana era a ladra, fazendo as seguintes deduções: Ele não fora. Baptista também não, devido a ele estar atarefado, absorto na limpeza e arrumação dos livros e não poder ver (portanto saber) se D. Leopoldina estava ou não no seu quarto, apesar da porta de comunicação com a Biblioteca estar entreaberta – comprovado por Jorge momentos entes. D. Leopoldina saíra pela porta de comunicação para a sala de visitas, onde está Jorge a ver televisão e vai à cozinha falar com Aidinha – coisa que ele ouve e por isso exclui a Aidinha, até porque não tem tempo de ir, para fora, ao quarto… No quarto há uma janela, que está sempre aberta, e duas portas. O ladrão teria que entrar por uma das portas ou pela janela. Pelas portas, não passaria sem ser visto ou por Baptista ou por Jorge. Resta-nos a janela, e foi por lá que entrou o ladrão… Baptista nada ouviu visto estar absorto na limpeza e arrumação dos livros. Joana veio da estação (Jorge tinha ouvido o apito do comboio havia 20 minutos) chegou a casa mais ou menos no tempo normal e, não só porque a ocasião faz o ladrão mas porque gostava de fazer mão baixa das coisas alheias (presumo, e irá ser verificado…) espreita e a tentação é superior às suas obrigações… Salta pela janela sem fazer barulho e rapidamente rouba o colar, regressando por onde entrara… Simples e rápido… Esconde….Toca à porta… Quando entra vê a senhora e os outros com cara de caso, e perguntando, a senhora explica que lhe roubaram uma das jóias… a mais valiosa, talvez… e quando vai a especificar que jóia era, rompe novamente em choro e acaba por nada dizer. Joana diz que pelo caminho não viu ninguém e consola-a, dizendo-lhe que a polícia não tardará a descobrir os ladrões do colar… É sobre esta frase que Jorge baseia o seu raciocínio. A D. Leopoldina não chega a dizer que foi o colar de rubis… Mas Joana sabe que foi essa peça, o colar! Mais uma vez se justifica que «pela boca morre o peixe»

 

Solução de L. P.

1 – Por um processo pouco ortodoxo e talvez superficial, o criminoso, aliás ladrão a que Fong Si Yu pretende atingir é realmente JOANA. Vou passar a comprovar, a pouca consistência da tese da sua culpabilidade. Vejamos:

a) De entre todos os ocupantes da casa, mais a Joana que surgiu depois, todos poderiam ter cometido o furto, excepto a Aidinha, que não tinha acesso ao quarto, uma vez que passava obrigatoriamente por Jorge ou Baptista, além de que estava a atender a sr.ª D. Leopoldina. Portanto, a Aidinha não pode ter sido a ladra.

O Baptista podia ter cometido o furto, já que se encontrava separado por uma porta, do local do roubo.

Jorge, igualmente o poderia ter cometido. Não seria a primeira, nem a segunda vez que o chamado «herói» cometia o roubo. Nada nos prova o contrário.

A D. Leopoldina também seria suspeita. Não nos é dito se haveria ou não seguro das jóias, o que poderia ser uma tentação.

Finalmente surge a JOANA, a quem Fong Si Yu quer atirar pare o fogo, sem que haja a certeza de ter sido ela. Senão vejamos:

2 – Jorge, armado em detective, por sinal bastante mau, terá pensado nos seguintes factores:

a) Janela sempre aberta, convidando ao roubo;

b) Prévio conhecimento do local onde se encontravam as jóias;

c) Demora de mais de 15 minutos, excesso, em chegar à casa;

d) Possível «caída» de Joana ao revelar o nome da ióia que desaparecera, quando ninguém lhe havia fornecido esse dado;

e) Circunstância de Joana dizer que não vira ninguém no caminho da estação.

Passo, agora, a rebater as 5 alíneas:

a) Pela janela… quem nos garante que o roubo foi feito por lá? Porque não pela sala de visitas ou pela biblioteca?

b) Não saberiam o Jorge ou o Baptista onde elas se encontravam?

c) Porque não?... Porque havia Joana de ir directamente para casa? Porque não poderia encontrar alguém conhecido na estação? (Já que no caminho não encontrou?)

d) Porque não havia Joana de saber que era o colar, se a D. Leopoldina revelou que era a sua mais valiosa jóia? Isso identificava ou não o colar?

e) Haverá apenas um caminho de saída de casa? (Aquele que leva à estação?)

Perante isto, nenhum detective com «dois dedos de cabeça», poderia culpar Joana. E que tribunal a poderia condenar, se ela não confessasse, entretanto, e se não fosse encontrado o colar em sua posse?

© DANIEL FALCÃO