Autor

Fong Si Yu

 

Data

25 de Dezembro de 1980

 

Secção

Mistério... Policiário [295]

 

Competição

Torneio “4 Estações 80” | Mini D – Outono

Problema nº 6

 

Publicação

Mundo de Aventuras [376]

 

 

ANASTÁCIO ATACA DE NOVO

Fong Si Yu

 

Pois, uma bela manhã, em que o vento soprava extremamente forte, estava o detective Anastácio sentado à secretária do seu escritório, escrevendo a primeira parte das suas «Memórias», quando o telefone lhe interrompeu o trabalho (exactamente como o despertador lhe interrompia o sono) de que tanto estava a gostar. Do outro lado, uma voz aflita, disse-lhe:

– Senhor detective Anastácio? Roubaram o B. N. U. Os assaltantes acabam de partir, num «Jaguar», que tinham estacionado, à porta.

– Vou imediatamente. Mandem sair os clientes, e comuniquem o roubo à gerência – ordenou Anastácio.

– O gerente estava cá, no momento do assalto, e o Banco ainda estava fechado, pelo que o público nada sabe.

– «Okay», então mantenham o sigilo. Até já! – e o nosso detective desligou.

Depois, qual cavaleiro defendendo-se de um enorme dragão, lá foi «montado» no seu pequeno «Honda», até ao edifício, afrontando corajosamente a furiosa ventania. Da boca de um dos empregados, soube que os «assaltantes eram dois, e que tinham pedido pare entrar, devido a um caso de vida ou de morte. Mas, depois de entrar, apontaram-lhes armas, e levaram dos cofres cerca de dois mil contos. Após isto, foram-se, com o ar mais natural do mundo. No entanto, o vento arrancara algo ao que transportava o seco, com o dinheiro» e o empregado mostrou a Anastácio um chapéu, às riscas, vermelhas e verdes. O nosso amigo já sabia onde ir… Pegou no chapéu, meteu-se no carro, e fê-lo galgar o percurso que o separava do destino em apenas cinco minutos. Um «record»!

Bateu à porta de uma casa, isolada, que marcava o início da cidade, e esperou. Não muito, pois um homem surgiu, com os cabelos incrivelmente despenteados, suando por todos os poros, muito sujo de terra, e arrastando com a mão esquerda uma comprida corrente…

Anastácio foi direito ao assunto e, mostrando-lhe o chapéu, disse:

– António, sei que este chapéu é seu. Pode pois, dizer-me porque é que ele era usado por um dos assaltantes que ontem roubaram o B. N. U.?

– Quê? – o homem parecia admirado. – O que é o B. N. U.?

– Banco Nacional Ultramarino. Mas falemos antes do chapéu…

– É realmente meu, mas… foi-me roubado, há mais de um mês! Mas entre, por favor – convidou o homem, cada vez mais espantado.

Atravessaram um corredor, e chegaram ao quintal da casa: junto a esta, via-se um potente tractor, com o motor ainda quente, e a carroçaria coberta de poeira, com uma grossa e grande corda, atrelada; o quintal, todo de terra, muito liso, sem um único sulco ou buraco em toda a sua área, mas cheio de pegadas, aqui e ali; no meio uma imponente e, com certeza, velha pereira, coberta de rugas – Anastácio tinha uma assim no quintal da sua casa, sem qualquer corte ou imperfeição que não fosse devida à idade…

– Diz então que lhe roubaram o chapéu? – o nosso amigo decidira-se iniciar o interrogatório.

– Sim, há mais de um mês, no «Café Esquina».

– Não sabe quem foi o ladrão? – tornou o detective.

– Claro que não, caso contrário, já teria ajustado contas com o sujeito – retrucou António. – A propósito, posso ficar com o chapéu?

– Com certeza. Tem mais alguma coisa a alegar em sua defesa? – inquiriu mais uma vez Anastácio.

– Sim. É que eu não saí de casa, esta manhã. Como vê, não posso ter assaltado o seu B. N. U. – respondeu o interpelado, a rir-se.

– Toda a manhã?... Que fez?

– Quer acredite, quer não, passei-a ao volante do tractor, tentando arrancar o diabo de pereira. Pfff! Nem com as correntes a mexi…

– É natural, ela já é velha… Que pensa do assalto? – perguntou finalmente Anastácio.

– Que hei-de pensar? Dois mil e trezentos contos é muito, claro… mas, com a nossa bela – António teve um riso desdenhoso –Polícia… ambos os assaltantes serão apanhados em breve.

– Não tenha dúvidas, amigo! Olhe, eu não sou nenhum Sherlock Holmes, mas, no pouco tempo que aqui estive, recolhi provas suficientes para dizer que você falta à verdade e

 

Pergunta-se:

1 – Estaria certo, o detective Anastácio?

2 – Explique convenientemente os porquês da sua resposta.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO