Autor Data 30 de Abril de 1981 Secção Mistério... Policiário [310] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” Problema nº 8 Publicação Mundo de Aventuras [394] |
QUESTÃO À NOITE… Fong Si Yu Hugo
Brasil estava sentado, vendo televisão em sua casa, quando o telefone tocou. –
Tá tááá? Hugo? É a Betty. Que tal fazermos um
piquenique, amanhã à tarde? O resto do grupo também vai! –
Certo! Que estás agora a fazer? – perguntou Hugo. –
Oh, estou a ver o horrível programa que o único canal da TV que temos
transmite todos os dias, às 22 horas. Chama-se… –
Ópera ao Serão, eu sei. Também estou a ver. Bem, então fica combinado. Adeus,
Betty. –
Tchau! Um beijo para ti. Às
23 horas o programa acabara, e o rapaz preparava-se para ir fazer óó… Então, o telefone tocou de novo… –
Hugo Brasil deste lado! Quem é agora? –
Ah, és tu, aspirante. Tens trabalho… isto é, há trabalho para o teu pai:
acaba de haver um assassínio na casa do dr. Melo, a
dois quarteirões daí. É para investigar já. –
Muito bem. Com licença. Hugo
desligou, carrancudo com o apelido que a Judiciária lhe arranjara. Ajudava o
pai nos seus casos, pelo que lhe chamavam aspirante (a detective)!
«Aliás,
sou melhor que muitos deles» – pensou, entrando no quarto dos pais. Ele
e o pai puseram-se imediatamente a caminho e, meia hora depois, falavam com o
dr. Meio: –
Bem, doutor, diga lá o que sabe – disse o detective. –
O assassinado é um meu criado. Bom homem, trabalhador e tudo! Enfim… Dei pelo
crime, cerca das 22 horas e 30 minutos. Eu estava a ver o programa na TV, mas
levantei-me para pedir ao Mateus, o criado, que me preparasse uns remédios.
Encontrei-o na cozinha, já morto – informou o dono da casa. Entretanto,
no sofá em frente da televisão, Hugo descobrira um bloco de apontamentos e
uma esferográfica: –
«…o dente canino esquerdo dos narvais chega a
atingir 3 metros de comprimento, servindo para defesa e…» – leu ele. Riu-se. –
«Apontamentos de zoologia! Bom, deve ser o seu
passatempo…» – pensou consigo. Foi
para a cozinha. A bala que matara o criado (por acaso, bastante mais alto que
o dr. Melo), fizera-lhe um
buraco no pescoço, e alojara-se-lhe no crânio. A morte fora instantânea, sem
dúvida. –
Ah, obrigado. Enquanto via o programa, ia tirando as explicações que ouvia
disse o doutor, quando Hugo lhe entregou o bloco. E, virando-se para o pai do
rapaz: – Pois, como lhe dizia, o tiro só pode ter partido daquela abertura do
tecto que dá para o sótão, pois, como pode
verificar, por mim ninguém passou. E, como não ouvi barulho, a arma devia ter
silenciador. O
detective interrogou os três restantes criados.
Hugo ficou impressionado pela sua altura. O dr.
Melo devia sentir-se um anão, junto deles. Todos afirmaram o mesmo: já
estavam a dormir na altura do crime, e nenhum ouvira nada. –
Acredite neles, pai. O assassino é o próprio dr.
Melo – disse Hugo, certo do que afirmava. Vocês
sabem dizer porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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