Autor Data Novembro de 2004 Publicação (em Secção) |
Solução de: UM CASO SINGULAR Gustavo José Rodrigues Sem
o relatório do médico legista era impossível resolver o caso. Analisemos,
portanto, as palavras que o inspector Machado
escreveu no papel. “A bala alojou-se à direita, junto à sutura do parietal
com o temporal”: se a bala se alojou à direita, é porque penetrou pelo lado
esquerdo, o que equivale a dizer que foi deste lado que o culpado disparou;
“Foi disparada à distância de 4 a 6 metros”: estes números indicam que a bala
só podia ter vindo da estrada ou das casas (daqui, porém, não foi como
adiante veremos); “a sua trajectória fez-se na
oblíqua ascendente”: isto quer dizer que a bala foi disparada de um ponto com
nível inferior ao alvo. Agora
façamos trabalhar as “cinzentas”: como o homem seguia na mesma direcção do meu carro e dos outros dois que me antecediam
e ia quase à beira do passeio, pois um outro peão queria passar-lhe à frente
(e fê-lo pelo lado direito), este pode ser eliminado do número dos suspeitos,
visto que a bala homicida penetrou pelo lado esquerdo. Eliminadas, também, as
possibilidades do tiro haver partido de qualquer janela ou portal da direita,
pela mesma razão. Interessa-nos, portanto, apenas o lado esquerdo, onde, no
momento do delito, passavam três carros. Num deles seguia o culpado. Mas em
qual? No carro desportivo, é bem claro, dado que era baixo (e a vítima alta)
e por isso é que a trajectória da bala se fez na
oblíqua ascendente. Do camião de mudanças era impossível, uma vez que era
excessivamente alto. O tiro partiu, não restam dúvidas, da distância de
quatro a seis metros, pois o homem seguia praticamente pela beira do passeio. |
© DANIEL FALCÃO |
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