Autor Data 16 de Julho de 2017 Secção Policiário [1354] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Publicação Público |
Solução de: A MORTE DO AGIOTA Inspector Aranha De
muitos erros enfermava, de facto, aquela encenação. Registam-se os
principais: a)
O furo do tiro no parietal apresentava-se regular – o que inviabilizava a hipótese
de suicídio (neste caso exibiria bordos chamuscados e irregulares); b)
E, como se não bastasse para o comprovar, teríamos a não existência, no
local, da cápsula da bala, uma vez que, ali, “nada mais se apresentava como
passível de ser classificado de anormal”; c)
É evidente que se alguém se deslocasse à moradia do agiota com a finalidade
de o matar iria munido da necessária arma, não contando para o efeito com a
da vítima, que não estaria ali ao seu fácil alcance, além de que poderia
mesmo não existir; d)
A 26ª Meia Maratona de Lisboa realizou-se a 20 de Março de 2016 – um domingo.
A carta estava datada de 19 – sábado. Logo, não havendo distribuição de
Correio ao fim-de-semana, ela não poderia ter sido recebida por essa via – o
que indiciava ter tido origem na casa; e)
De resto, na hipótese de alguém ter vindo do exterior, à casa do agiota, no
domingo, com a intenção de o matar, porque havia de lhe escrever uma carta
para ele receber nesse mesmo dia – e assim pôr aquele de sobreaviso? (ou, uma
vez que era datada de 19, para ser recebida só, na melhor das hipóteses, na
segunda-feira, depois da execução do crime?); f)
E a melhor prova de que a carta não foi recebida pelo correio, mas proveio da
casa, é a de que aquela folha de papel A-4 “estava maculada apenas com o
texto”, ou seja, sem apresentar vincos de dobragem, como teria que exibir se
tivesse sido recepcionada em envelope, via correio ou até entregue em mão; g)
Não obstante o sobrinho poder argumentar com a sua presença na prova de
atletismo daquela manhã, a fixação da hora da morte pelos peritos médicos
iria demonstrar que na altura da ocorrência ele ainda estaria em casa. Tudo isto
evidencia, portanto, que o criminoso era “da casa” e, além da vítima, só lá
habitava o sobrinho... |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|