Autor

Inspector Aranha

 

Data

11 de Junho de 2017

 

Secção

Policiário [1349]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2017

Prova nº 5 (Parte II)

 

Publicação

Público

 

 

RECORDAÇÕES DO INSPECTOR GONÇALVES

Inspector Aranha

 

Terminado mais um dia de actividade, o Inspector Gonçalves, sentado num sofá, em sua casa, ia beberricando um whisky, enquanto revia o dia passado. Mais um, mas desta vez assinalado por uma situação nova: a Direcção nomeara um novo membro para a sua equipa de investigação, um rapaz novo, recentemente entrado na P.J., que o acompanhou no caso para o qual, naquele dia, fora escalado – bastante simples, por acaso, mas que deu para testar o “puto”, que revelou “pinta”…

Situação que agora o estava a conduzir para a evocação de um passado já remoto: também a sua estreia na P.J., a primeira vez que saíra para, com o Inspector Janardo, colaborar na investigação de um caso. Como as situações se repetem! Também um caso bastante fácil, resolvido quase na hora – um homicídio ocorrido numa vivenda na zona de Belém. Muito tempo passara, mas recordava-se bastante bem dos contornos do caso: o proprietário daquela vivenda fora atingido mortalmente por um tiro, que atingindo-o na cabeça lhe provocou morte imediata.

O corpo encontrava-se caído junto à janela da sala de estar, sita no rés-do-chão. No soalho, junto à cabeça da vítima, via-se uma significativa poça de sangue, e sobre o corpo diversos fragmentos de vidro que na janela se mostrava estilhaçado, por onde aparentemente fora do exterior disparado o tiro fatal. Nada mais fora da normalidade se vislumbrou no local, o que foi confirmado pelo irmão da vítima, única pessoa que com ele ali vivia. E que, quando interrogado sobre o que sabia do que se passara, declarou que se encontrava no primeiro andar, no seu gabinete de trabalho e no computador, avançando no trabalho histórico que há algum tempo vinha desenvolvendo, quando, de súbito, soou um tiro logo seguido do ruído de vidros a caírem, e do que lhe pareceu ser a queda de um corpo. Como só ele e o seu irmão habitavam a casa, correu de imediato para o local onde sabia que aquele estava, temendo que algo de grave pudesse ter-lhe acontecido. E, infelizmente, não se enganara – ele estava caído, inerte, sangrando bastante, junto à janela fechada pela qual, certamente, fora baleado, pois o vidro estilhaçado naquela não parecia deixar margem para dúvidas… Abrira-a, tentando vislumbrar o autor do disparo, mas já não vira ninguém… Entretanto, constatara que o irmão já estava morto. Dera por isso logo o alarme, e nada mais sabia. Esperava que descobrissem rapidamente o culpado…

Inquirido se sabia de alguém que desejasse a morte do irmão, respondeu negativamente.

E, depois de uma nova inspecção ao local e ao corpo, foi-lhe feita a vontade. De facto, a resolução fora fácil e rápida. Como a do caso de hoje. E não é que o “puto”, recém-chegado à equipa, foi também pronto a chegar à conclusão que o Inspector Gonçalves já tirara do caso?

 

E agora perguntamos nós aos leitores do “Público Policiário”: O irmão da vítima foi acusado porque:

 

A – Não quis identificar quem pudesse desejar a morte do irmão;

B – Como estava no andar de cima não podia ouvir a detonação vinda do exterior;

C – A posição e aspecto do corpo não estão de acordo com a sua descrição dos factos;

D – Contratou alguém para matar o irmão através da janela.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO