Autor Data 26 de Fevereiro de 2006 Secção Policiário [763] Competição Torneio Rápidas para
Experimentar Prova nº 4 Publicação Público |
Solução de: MORTE NUMA RUA DE LISBOA ANTIGA Inspector Boavida A hipótese certa é a B. Não
houve suicídio (a vitima apresenta-se de “mãos nuas” e a arma não tem
impressões digitais). A bala não foi disparada do carro por Carlos ou por
qualquer outra pessoa (pólvora e queimadura na zona atingida revelam “tiro à
queima-roupa”). Foi Bernardo quem matou o velho (enquanto esteve só, limpou a
arma; depois, com a chegada de Carlos, simulou vómitos e aproveitou o
chafariz para lavar as mãos, apresentando-as, então, sem vestígios de
pólvora). 1. Arménio não se suicidou.
A arma não tem impressões digitais e o morto apresenta-se de “mãos nuas”. Por
outro lado, em caso de suicídio, com um tiro no peito, o mais natural seria o
corpo ter caído para trás, e não para a frente, devido ao impacte da bala.
Está, portanto, abandonada a hipótese A como solução do enigma. 2. A bala que atingiu
mortalmente Arménio não pode ter sido disparada de dentro do carro. A zona
atingida apresenta queimaduras e resíduos de pólvora, o que revela que o tiro
foi desferido com a arma encostada ao corpo da vítima. Por outro lado, o facto da bala estar alojada junto ao passeio do lado
direito da rua, no seu sentido ascendente, elimina a possibilidade do tiro
ter sido efectuado da direita para a esquerda, para
além de ser pouco verosímil que o atirador se desse ao trabalho de arremessar
a arma para junto do corpo. Está, por isso, posta de parte a hipótese D como
solução do problema. 3. Carlos não tem nada a
ver com o assassinato de Arménio. Quando chegou ao local já lá estava
Bernardo e o crime já tinha sido cometido. Entretanto, e como vimos no ponto
anterior, o tiro não pode ter sido desferido do carro (isto, admitindo que
Carlos fosse um dos seus ocupantes…). Acrescente-se ainda que Carlos nunca
saiu de perto do cadáver, ao contrário de Bernardo. Está, deste modo, também
eliminada a hipótese C como solução do crime. 4. Por exclusão de partes,
resta-nos a hipótese B como solução do caso em apreço: foi Bernardo quem
matou Arménio! Bernardo pode ter visto um carro passar a grande velocidade,
mas não foi do automóvel que se deu o disparo, conforme se justifica nos
pontos anteriores. Ele apenas tentou utilizar esse facto (carro em alta
velocidade…) para despistar o investigador. Por razões desconhecidas (talvez
a soldo de um perigoso e louco especulador imobiliário…), Bernardo decidiu
eliminar um dos poucos residentes do bairro – homem só, sem família que
pudesse “reclamar” a habitação. Ao cruzar com Arménio, agarrou-o,
encostou-lhe a arma ao peito e desferiu o tiro mortal. Deixou cair o corpo do
morto para a frente, limpou as impressões digitais da arma e largou-a junto
do cadáver, pensando que, assim, podia simular um suicídio. Tudo terminaria
aqui, se Bernardo não fosse surpreendido pela chegada de Carlos. Resolveu,
então, “engendrar” um ataque de pânico e… de vómitos. A encenação dos vómitos
permitiu-lhe justificar a ida até ao chafariz para… lavar as mãos, que, caso
contrário, apresentariam sinais de pólvora da bala que disparou. |
© DANIEL FALCÃO |
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