Autor

Inspector Boavida

 

Data

26 de Março de 2007

 

Competição

Torneio Sete de Espadas

Prova nº 3

 

Publicação

CLUBE DE DETECTIVES

 

 

Solução de:

O CASO DO LEILÃO DE PINTURA REALISTA

Inspector Boavida

 

Neste estranho “Caso do Leilão de Pintura Realista”, a decisão do subchefe Pinguinhas só podia ter sido uma: o leiloeiro ficou detido a fim de ser presente ao Juiz de Turno para explicar a origem daquelas Obras arrematadas por Manuel Pimpão e por José Saudoso do Regime (o nome do tal sujeito de bigode farfalhudo e de gabardina vestido…), porque todas elas eram falsas!

O pretenso autor daquelas Telas faleceu num acidente de viação numa “picada” em Angola, quando ali rebentou a guerra colonial, o que aconteceu em 1961, razão pela qual não poderia ter pintado Quadros sobre acontecimentos posteriores àquela data.

Assim, nunca poderia ter retratado a óleo o nosso Eusébio, vestido com a camisola das quinas, quando a selecção portuguesa de futebol venceu a sua congénere da Coreia do Norte por 5-3, no Campeonato do Mundo de Inglaterra, realizado em 1966.

Exactamente pela mesma razão, não poderiam ser da autoria daquele pintor:

– A Tela onde se vê o malogrado capitão Salgueiro Maia em cima do Chaimite, que o levou de Santarém até Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, para ocupar o Terreiro do Paço e depois o Quartel do Carmo.

– Nem a Pintura onde se “vê” o General Spínola a tomar posse como Presidente da República, o que só aconteceu em 1974, na sequência da Revolução de Abril.

O pretenso autor daquelas Obras, falecido em 1961, que era reconhecido pela particularidade de pintar figuras públicas socorrendo-se de fotografias publicadas em revistas, também não poderia ter retratado Salazar junto ao Mosteiro dos Jerónimos aquando da condecoração de um soldado “comando”, porque aquela Força Especial só foi criada no nosso país depois de eclodir a guerra colonial e as cerimónias públicas, de homenagem aos militares combatentes nas antigas colónias, terem tido sempre lugar no Terreiro do Paço, a 10 de Junho, então Dia da Raça, sendo que a primeira ocorreu em 1963!

© DANIEL FALCÃO