Autor Data 15 de Dezembro de 2008 Secção Competição Problema nº 3 Publicação O Almeirinense |
Solução de: A MORTE DA MICAS PEIXEIRA Inspector Boavida A
tinta encontrada na blusa da Micas, igual à que o Tóino
deixou na farda da Pinguinhas ao abraçá-lo, pode ser explicada pelo facto do
marido se ter debruçado sobre ela quando a encontrou caída no chão. E quanto
aos arranhões no pescoço do Tóino, convém recordar
o rebuliço havido durante a noite: há mulheres que, em certas ocasiões, são
umas verdadeiras gatas… A
ferida na parte superior do polegar da mão direita do Advogado Camurça também
pode ter uma explicação plausível: basta que o causídico seja canhoto ou
ambidextro para que possa ter provocado, acidentalmente, um ferimento naquela
mão ao descascar uma maçã, durante o seu frugal almoço no escritório. O
olhar esgazeado e as tremuras do neto da cigana Etelvina podem ser explicadas
pela sua dependência de drogas, situação que provoca aqueles sintomas, em
episódios de ressaca ou de abstinência. Quanto à avó do Chico da Coca, não há
nada que faça recair suspeitas sobre ela, sendo natural que não tenha ouvido
nada durante a noite: era surda! Ao
contrário de todos os outros moradores do prédio, que não têm como provar no
período em que ocorreu a morte da Micas, o piloto Murtosa mostrou talões de
compra de Combustível em Lisboa e em Pombal, para atestar a ausência na
capital entre as 09h00 e as 19h00, embora não tenha exibido documentos de
portagens. Talvez tivesse Via Verde, quem sabe? Murtosa
justificou aquela sua viagem com a necessidade de tratar de assuntos na
Câmara da Pampilhosa. Terá sido atendido ao início da tarde e depois passou
ainda pelo terreno que possui na Serra. Esta situação é pouco credível, uma
vez que dificilmente ele poderia ter abastecido o carro em Pombal às… 16h30.
Bom ele voava… mas nos aviões. Nos carros a coisa fia mais fino… Por
outro lado, o Murtosa não poderia ter acedido aos serviços municipais daquele
Concelho uma vez que era feriado. O dia do Município assinala-se a 10 de
Abril, efeméride que, em 2008, ocorreu no dia em que o Sporting foi eliminado
da Taça UEFA, ao perder em Alvalade, frente ao Glasgow Rangers, por 2-0, no
jogo da 2ª mão dos quartos-de-final. Os
menos identificados com o fenómeno desportivo poderão questionar se aquelas
duas equipas não se teriam defrontado noutra data, no Estádio dos leões. É
verdade que sim. Aconteceu no ano de 1972, com a vitória do Sporting por 4-3,
em partida a contar para a extinta Taça das Taças. E o jogo não foi disputado
num dia 10 de Abril. Mas… nessa altura, em 1972, a Esquadra do
Rossio ainda tinha porta. Como disse o Pinguinhas, no dia em que a Micas foi
estrangulada, a Esquadra de D. Maria (Rossio), posto da PSP que abrange a
zona da Rua das Portas de Santo Antão, não tinha porta há três anos. Tal
facto viria a ser descoberto e relatado pela comunicação social em Maio de
2008. Foi
o Murtosa quem assassinou a Micas. Ele não conseguiu dormir durante a noite,
não devido aos barulhos que ouviu do andar de baixo, mas por ciúmes. Há uns
tempos que o Tóino suspeitava que a Micas se
deitava com um dos vizinhos e por isso lhe batia. As suas desconfianças eram
fundadas. O vizinho com quem a Micas o atraiçoava era o Murtosa. O
piloto terá saído de casa antes da maratona amorosa dos vizinhos do primeiro
andar esquerdo terminar e não soube que a Micas tinha feito gazeta à venda.
Abasteceu o carro no posto habitual, junto ao aeroporto. E deambulou pela
cidade até á hora em que a peixeira costumava regressar do mercado. Bateu-lhe
à porta e, em vez de a encher de carícias e beijos, deu-lhe uma sova que a
matou. De
nada valeram os eventuais gritos da Micas. No prédio só estava a vizinha do
segundo direito, a avó do Chico, e esta é surda que nem uma porta. Murtosa
desceu escada abaixo e meteu-se à estrada para encenar a história esfarrapada
que contou ao Pinguinhas. O piloto poderá ter enganado o subchefe, mas não
escapou à argúcia do detective Marcos Dias e do seu
amigo Jartur! |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|