Autor Data 29 de Março de 2009 Secção Policiário [923] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2008/2009 Prova nº 5 Publicação Público |
Solução de: SMALUCO E A MORTE DO EMPRESÁRIO ACALORADO Inspector Boavida João
Horta mentiu. Ele afirmara estar ao telefone com o primo quando ouviu um tiro
e o barulho de um corpo a cair no chão, razão por que telefonou de imediato
para a Judiciária. Horta não poderia ter ouvido o tiro, porque o disparo foi efectuado do exterior do gabinete do “Acalorado”, através
da janela. Recorde-se
que o empresário estava sempre de janela aberta e que não foi encontrado
nenhum invólucro de bala no gabinete. Acrescente-se ainda que o tiro não foi
ouvido no café, pelo que se conclui que a arma assassina estaria munida de
silenciador. Por outro lado, também não é crível que ele pudesse ter ouvido o
barulho de um corpo a cair no chão, uma vez que a sala estava coberta por uma
espessa alcatifa. É
estranho que alguém viaje apressadamente de Londres para Lisboa, como foi o
caso de João Horta, fazendo-se acompanhar de tanta bagagem. Sublinhe-se que
ele terá recebido notícias da Judiciária por volta das dez da manhã, ou seja,
duas horas depois de ter alertado a polícia para os ruídos que dissera ter
ouvido quando a alegada conversa com o primo foi interrompida. Não faz, por
isso, qualquer sentido que às dez e meia ele já esteja a caminho do
aeroporto… com meia dúzia de malas. Tudo
indica que tenha sido ele o assassino do primo Ricardo. Ele e o seu parceiro
de Londres eram exímios na falsificação e no disfarce. Constituíam uma dupla
imbatível! João
Horta terá viajado para Lisboa de véspera, com a identidade do seu colaborador.
Fora este que telefonara de Londres para o empresário, à hora combinada (oito
da manhã). No
jardim, João Horta disparou sobre as costas do primo quando este foi atender
o telefone que ficava junto à entrada do gabinete. O
emigrante português, sócio de João Horta em Londres, telefonou depois para a
polícia imitando a voz do primo do empresário, dando conta das suspeitas de
um atentado. Esperou
por um contacto da Judiciária e rumou então para Lisboa disfarçado de João
Horta e com a identificação deste, depois de ter prevenido Smaluco do que havia acontecido ao empresário Ricardo e
de ter pedido guarida em sua casa para o parceiro. Chegado
a Lisboa, o emigrante encontrou-se com Horta e ambos trocaram os documentos
pessoais e os comprovativos das respectivas
viagens. O
emigrante voltou para Londres com a sua identidade e Horta foi à Judiciária,
como se tivesse chegado no avião que trouxera o seu colaborador. Algum
tempo depois, estava a dormir tranquilamente, deitado no sofá na sala de
estar de Smaluco. Este, ao ler o relatório do
primeiro dia de investigações da morte do empresário Ricardo Esteves, ficou a
saber o que não queria admitir: o seu amigo tinha assassinado o primo. O
móbil do crime poderá estar relacionado com a grave situação em que se
encontra a empresa do “Acalorado”. Horta
era parte interessada na herança do primo e não concordava com as medidas de
saneamento financeiro em perspectiva, pelo que
decidiu antecipar o fim do empresário. A
alienação de património para salvar a empresa e os postos de trabalho não lhe
agradava. Os
telefonemas feitos para o telemóvel de Ricardo Esteves, que este não atendeu,
justificam-se pelo facto de Vanessa ter cometido a inconfidência de contar
aos colegas que lhes esperava em breve o desemprego. Foi por esta razão que o
empresário ligou à noite para a sua secretária. E foi por causa deste
telefonema que o “Acalorado” recebeu a mensagem ameaçadora. O
telemóvel emissor seria de um qualquer “protector”
de Vanessa, pouco agradado com a forma como o patrão havia tratado a jovem. |
© DANIEL FALCÃO |
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