Autor Data 17 de Abril de 2011 Secção Policiário [1030] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2011 Prova nº 2 (Parte II) Publicação Público |
Solução de: QUE ESTRANHA PESCARIA!... Inspector Boavida Resposta
certa: alínea C. É
verdade que o pai de Angélica chegou a casa gritando, no dia em que Jorge
fora visto pela última vez: “Acabou-se! Acabou-se!” Mas
isso poderá apenas indiciar que ele soubera o que se passara nessa tarde na
margem do rio e decidira acabar de vez com aquele namoro da filha. Não
podemos concluir que ele matara Jorge! Da mesma forma que não podemos
concluir que o facto de o pai de Angélica, Jonas e Zezinho não se condoerem
com a morte de Jorge significa que eles tiveram algo a ver com a sua morte.
Apenas detestavam o rapaz e… pronto! Já
quanto ao Beto, este teria que dar muitas e grandes explicações à polícia. É
certo que Beto podia muito bem ter descoberto o corpo e içá-lo do fundo do
rio com os seus próprios braços, como diz. Beto
é robusto e o rio é pouco fundo e o seu leito estável. Mas ele tinha que
explicar como é que era possível haver sangue na cabeça de um cadáver que
esteve submerso nas águas do rio durante quatro ou cinco dias, como
sustentavam os homens do INEM. Se
isso fosse verdade, não podia haver sangue na cabeça do morto (a água
tê-lo-ia feito desaparecer durante esse período de imersão). Note-se
que, mesmo que os homens do INEM estivessem enganados quanto ao número de
dias em que o corpo de Jorge esteve submerso (ou Beto não estivesse a relatar
com verdade o que eles haviam alegadamente dito sobre o assunto), o certo é
que o cadáver esteve pelo menos quatro horas no fundo do rio (Beto disse que
esteve durante quatro horas na pesca e que pescou o morto quando se preparava
para dar por finda a sua pescaria!) e bastaria esse período de tempo para que
fosse completamente impossível a presença de sangue na cabeça do cadáver. Note-se
ainda que o cadáver não podia ter sido lançado ao rio por alguém que não o
Beto durante o tempo em que este estivera a pescar, sem que essa ocorrência
escapasse ao seu olhar. Por
outro lado, o corpo do Jorge não podia ter sido depositado nas águas noutro
local do rio, sendo depois arrastado pela corrente até ao lugar onde estava o
Beto, uma vez que o cadáver estava amarrado a uma corda com uma pedra presa
numa das pontas que o puxava para o fundo e as águas do leito eram… “sempre
mansas”. Por
último, e sabendo nós que Beto é um rapaz “muito amigo de trabalhar”, talvez
fosse conveniente que ele explicasse também porque se encontrava na pesca num
dia de trabalho (quinta-feira, cinco dias depois de sábado!). Na
verdade, como se diz aliás no enunciado do problema, o Beto não é “muito
brilhante de cabeça”. E foi isso que facilitou a tarefa dos leitores-detectives do PÚBLICO-Policiário: era ele a pessoa que
tinha que dar grandes explicações à polícia. |
© DANIEL FALCÃO |
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