Autor

Inspector C. M. Bond

 

Data

31 de Dezembro de 2000

 

Secção

Policiário [494]

 

Competição

Torneio 2000

Prova nº 9

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

DOMINGO, DIA 13

Inspector C. M. Bond

 

O traidor é logo o autor do primeiro relatório a ser analisado, Pacionim, pois o interrogatório nunca pode ter decorrido daquela forma: de facto, a pequena confusão entre quarto e 4º nunca se poderia ter dado, pois Pacionim afirma que a conversa decorre em inglês, e numa língua estrangeira raramente existem as mesmas confusões com as mesmas palavras quando estas são homófonas ou homógrafas, ou, neste caso, ambas. No caso concreto, o ordinal 4º escreve-se em inglês “fourth”" e pronuncia-se “fourte”, e a dependência da casa quarto escreve-se “bedroom” e pronuncia-se “bédrum”. Pacionim aldrabou assim todo o interrogatório, e o desaparecimento da empregada impossibilitaria a resolução do crime, não fosse esta pequena distracção, devida ao facto de ele, numa tentativa de manter o seu género de escrita normal, ter usado uma forma de questionar que usa várias vezes neste “relatório”: interromper para fazer nova pergunta. Pacionim é, sem qualquer hipótese de dúvida, o traidor.

Todo este interrogatório tem assim de ser posto em causa, incluindo, e sobretudo, o isqueiro. Sacarim foi capaz de resolver o crime apenas com aqueles cinco relatórios, de modo que o criminoso foi um dos interrogados, ou o próprio Pacionim, que fica, no entanto, fora da lista de candidatos ao crime por estar numa reunião com o próprio inspector à hora do crime. E como se fala só de um traidor…

Com os dados disponíveis, é completamente impossível avaliar o grau de culpabilidade da tailandesa: pode mesmo não ter nada a ver, pois nada do que está no discurso de Pacionim é digno de registo. A governanta não refere nada, nem nada é referido acerca dela, que a pudesse incriminar. Sobram os “amigos”: o primeiro a ficar de fora é Racionim, o dono da padaria, pois o isqueiro que é junto ao processo por Pacionim apenas pode servir para o incriminar, e como não estava previsto Pacionim ser apanhado, não há qualquer hipótese de tudo se tratar de uma manobra para causar esse efeito: como estava a ser incriminado, passaria ser inocente. Sobram dois candidatos. No amigo do Egipto, nada parece indicar a sua ligação ao crime. A presença de cinzeiros não implica que estivesse a mentir quando disse que não fumava: mesmo os não fumadores têm cinzeiros em casa, muitas vezes por motivos puramente decorativos. Atariotrim comete uma “gaffe”: ninguém com pavor ao tabaco pode entrar num bar ou discoteca deste país, pois o fumo é uma constante em todos eles. Nunca poderia ser um conhecedor da noite! Na sua ânsia de afastar de si a hipótese de ser o dono do isqueiro, comprometeu-se de forma drástica. Assim, o traidor é Pacionim e o criminoso é Atariotrim.

© DANIEL FALCÃO