Autor Data 7 de Maio de 2007 Competição Prova nº 5 Publicação CLUBE DE DETECTIVES |
Solução de: O INSPECTOR FIDALGO E O MORTO EM FAMÍLIA Inspector Fidalgo 1º O Jorge esteve todo o dia
em Espanha, a cerca de 50 quilómetros de distância do local do crime, sempre
acompanhado pelos amigos e registou a sua última compra no posto de
abastecimento de combustíveis, ainda em solo espanhol, às 17h12. 2º A comunicação do crime
foi feita às 17h25, pelo que, em princípio, não teve tempo para fazer esses
quilómetros, deixar os seus amigos algures e cometer o crime. 3º Mesmo num super-carro, não poderia passar incólume nos controlos
das brigadas de trânsito, três, dos quais apenas detectou
um e por isso apenas nesse poderia abrandar a velocidade para não ser
assinalado, mas certamente seria apanhado nos outros. 4º Portanto, o Jorge surge
como inocente, dada a aparente impossibilidade de ter chegado a tempo de
agredir o pai. 5º O João foi com os amigos
visitar o pai. Chegou ao local do crime e foi encontrado pelos amigos, cerca
de um minuto depois de entrar, segurando a cabeça do pai, já morto. 6º Foram os amigos que
ligaram para a Polícia e ficaram lá até à chegada desta. 7º A Polícia revistou-os
todos e passou a pente fino o local, nada encontrando. Portanto, o bastão que
estava longe do cadáver, sem impressões digitais não foi limpo por ninguém
dos que ali estavam, porque isso seria detectado e
não foram usadas luvas porque elas seriam encontradas. 8º Menos de um minuto para
encontrar o bastão – ele não o levava! –, atacar o
pai na nuca, limpar o bastão (ainda
que isso fosse possível), atirá-lo para longe e pegar na cabeça do pai, era
tarefa muito improvável. 9º Mais improvável ainda
fazer isso tudo sem produzir barulho audível pelos amigos que estavam ali,
bem perto. O João não tinha noção da localização dos amigos, tanto podiam
estar atrás de si, como terem entrado com ele e por isso – não tendo consigo
o bastão, que ninguém refere – falta-lhe tempo e oportunidade para o crime.
Menos de um minuto após a entrada do Jorge, mesmo que tivesse ali um bastão,
desferisse de imediato o golpe na nuca, nunca o pai seria considerado morto
pelos amigos que entraram. O sangue continuaria a percorrer os vasos sanguíneos
e os sinais seriam de vida, pelo que ninguém telefonaria à Polícia relatando
uma morte, mas sim um ferido. Por outro lado, o sangue fresco indiciava morte
recente que, pelas razões apontadas atrás, o João não podia ter provocado. 10º Ficamos, pois, com um
falhanço do Insp. Fidalgo, uma vez que os dois
irmãos se nos apresentam como prováveis inocentes… 11º Mas a acção passou-se a 24 de Março de 2002, pois é esse o
único domingo possível, em tal dia do mês, desde que o Euro entrou em
circulação. (Acrescente-se que o dia 24 de Março de 1996 foi a um domingo e
que o próximo só ocorrerá em 2013.) 12º Nessa altura (24 de
Março de 2002) a Espanha tinha, como o tem actualmente,
a sua hora legal adiantada de 60 minutos em relação a Portugal. Em 24 de
Março de 1996 a hora legal de Espanha seria a mesma de Portugal! Portanto,
quando Jorge abasteceu o carro, eram 16h12 cá deste lado… Assim, ele teve
muito tempo para matar o pai, mesmo que tivesse regressado a 75 km/h. 13º Note-se que o domingo
de mudança para o horário de verão, em 2002, foi o de 31 de Março, o que não
permite evocar eventuais confusões, próprias desse dia, para pôr em dúvida a
hora registada no talão do posto de abastecimento. 14º Finalmente, visto que a
polícia nada mais encontrou, no compartimento onde estava o cadáver, do que o
corpo caído e um bastão ensanguentado, convém dizer que se terá de considerar
apenas como especulativa, sem prejuízo do seu valor exploratório, toda a
argumentação sobre eventuais sinais que os investigadores não apontaram, tais
como pegadas com algum significado, sangue coagulado ou rigidez cadavérica. |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|