Autor Data 19 de Novembro de 2017 Secção Policiário [1372] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Prova nº 9 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: A MORTE DO SENHOR AFONSINHO Inspector Fidalgo Como
é dito, não havia acesso para ninguém do exterior e por isso o assistente do
inspector tinha a certeza de que tudo se resolveria entre os dois primos que
estavam vivos. A
questão do suicídio ficava desde logo excluída uma vez que o cadáver se
apresentava de modo que impedia esse facto, quer pela posição em que se
encontrava, nada plausível para um suicídio, quer pela existência do orifício
de entrada do projéctil acima da orelha esquerda da vítima, quando a arma
estava junto da sua mão direita. Igualmente de assinalar a falta da cápsula,
não referida apesar da busca minuciosa. Assim,
acabam por subsistir os dois primos que viviam com a vítima. Um deles terá
posto fim à vida dele, mas importava saber qual e onde. Naquele escritório ou
fora dele? A
descrição do local indica que o crime não foi cometido ali, porque não há
sangue em quantidade para um tiro desferido numa das zonas mais irrigadas do
corpo humano. Mesmo tratando-se de um tiro de arma de pequeno calibre, como a
descrição sugere, o sangue teria de brotar com alguma violência, sobretudo no
momento do contacto violento e desamparado com o chão. Os salpicos em redor
da cabeça com laivos na parte exterior e alongados, indicam que foram
provocados do centro para a periferia, da cabeça para o exterior. Parecem,
pois, estar correctos, só que numa queda em superfície horizontal, como é o
caso, os salpicos não seriam apresentados por igual em redor de toda a cabeça,
mas localizados a partir do orifício. As
análises “sherlokianas” feitas pelo ajudante do inspector apenas permitem
averiguar com toda a certeza se são de sangue ou não. E neste caso, quer uma,
quer outra, revelam que não se trata de sangue! Conclusão
óbvia, houve encenação. O crime foi cometido fora daquela sala, o cadáver
chegou ali já sem sangramento e o responsável borrifou o chão, a partir da
cabeça da vítima, com um líquido que se pode confundir com sangue à vista
desarmada. Chegados
a esta conclusão, resta saber quem terá arrastado o cadáver. O modo de o
fazer difere se é feito por um homem ou por uma mulher. Um homem pega no
corpo pelos sovacos e arrasta-o com os calcanhares pelo chão. Uma mulher,
sobretudo por falta de força para erguer o corpo pelos sovacos, puxa-o
pegando pelos pés, fazendo deslizar o corpo apoiado nas costas e nuca. Neste
caso, face ao que está descrito, verificamos que a vítima era um homem
atlético e musculado. Logo, algo pesado. Sobre os dois candidatos a
criminosos, o primo era para o gordito, mas de boa compleição e a prima era
esbelta e frágil. Assim, sendo necessária força, o primeiro a ser chamado
pelo ajudante do inspector, se este lhe der o aval, será o Afonso. |
© DANIEL FALCÃO |
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