Autor

Inspector João

 

Data

Março de 1984

 

Secção

Clube Xis [20]

 

Competição

Iº Campeonato Nacional de Decifradores de Problemas Policiários e

IIº Campeonatos de Zona de Decifradores de Problemas Policiários e

IIIº Campeonatos Regionais de Decifradores de Problemas Policiários e

IVº Campeonatos Distritais de Decifradores de Problemas Policiários

2ª Jornada

 

Publicação

Clube Xis

 

 

DOIS MAIS DOIS IGUAL A QUATRO

Inspector João

 

Quatro homens estavam sós, em quatro cadeiras de ferro, sentados a uma mesa rectangular de quatro metros de perímetro, com quatro pés de metal, que subiam a quatro palmos do chão. Jogavam às cartas e cada um tinha quatro cartas na mão. A sala, de quatro paredes, tinha quatro portas fechadas, cada qual precisamente atrás de cada um dos quatro. Outras quatro cadeiras, vazias, eram o que lá restava.

Vicêncio estava à esquerda de Ximenes, que ocupava um dos topos da mesa. Zebedeu estava à direita de Umbelino. À direita dos quatro homens estavam quatro copos de cerveja, todos já meio despejados, excepto o de Umbelino, que ainda não lhe tinha tocado. Ximenes cortava bocados de queijo fresco, que comia, sem oferecer, num velho facalhão de ponta aguçada e cabo de metal, que pousava ruidosamente sobre a madeira da mesa.

Os quatro homens pousaram as últimas quatro cartas sobre a mesa. Zebedeu levantou-se, calçando as luvas de quatro cores que trazia dentro de um dos quatro bolsos do blusão. Pegou na sua pesada mala com a mão esquerda (era canhoto), disse adeus e abriu a porta que estava exactamente por detrás de si.

Não tinta ainda saído, quando as quatro lâmpadas da sala se apagaram, deixando os quatro homens atrapalhados. Nem quatro segundos se passaram, voltava a luz outra vez àquela sala onde quatro homens tinham estado sentados. Mas, agora, Ximenes tinha o facalhão espetadinho no corpo, a meia altura do lado da frente, pouco acima da barriga.

Zebedeu deixou cair o braço esquerdo, e com ele a mão, e com ela a mala que levava, pousando-a vagarosamente, à velocidade de 1 metro/30 segundos. O cabo, e só o cabo, estava fora do corpo de Ximenes, salientando-se do sangue que saltava ainda.

Impressões digitais… só as de Ximenes.

 

Pergunto:

Quem foi que espetou o tal facalhão em Ximenes?

Como chegou a tal conclusão?

 

 SOLUÇÃO (não publicada)

© DANIEL FALCÃO