Autor

Inspector Madeira

 

Data

26 de Abril de 1957

 

Secção

O Gosto do Mistério [6]

 

Competição

Torneio Policiário da Flama

Problema VI

 

Publicação

Flama [477]

 

 

 

 

 

 

 

A CANÇÃO DE “NAT KING COLE”

Inspector Madeira

 

Ela era uma apaixonada pelas canções de «Nat Cole».

A sua discoteca era variadíssima, mas notava-se-lhe a preferência pela voz suave e quente do negro cantor norteamericano.

Vanda Gomes, caída no seu luxuoso quarto de dormir, estava morta. À sua volta, o sangue meio coagulado manchava a pequena «carpete», artìsticamente bordada em estilo chinês. A mão direita da morta fechava-se sobre a coronha, em madre-pérola, de um pequeno revólver. No seu fino e branco pulso, abraçava-se a correia azul dum dourado relógio que parara, marcando vinte e uma horas e dez. Pequeninos fragmentos do vidro estilhaçado, espalhavam-se junto do corpo da jovem, confundindo-se com o sangue.

Ponto à prova os seus conhecimentos adquiridos na faculdade, – antes de abraçar o policialismo – o detective concluiu que a morte da rapariga fora produzida à hora marcada pelo relógio, que certamente se quebrou e deixou de funcionar quando o corpo caiu.

Na mesa de cabeceira, Vanda Gomes deixara uma carta fechada, dirigida a seu noivo. Numa letra tremida mas regular que denunciava o estado nervoso de quem a escrevera, Vanda referia-se à impossibilidade do seu casamento, pois havia um obstáculo intransponível, erguido pelas famílias.

Eduardo Rogério, o investigador, olhava tudo com calma impressionante, não lhe escapando qualquer pormenor.

O magnífico «pick-up» automático também foi alvo do seu olhar perscrutador. Lá estavam, no prato giratório, doze discos de setenta e cinco rotações, todos do rei da melodia… «NAT KING COLE».

O jovem investigador interrogou mais tarde o noivo de Vanda Gumes, do qual ouviu as seguintes declarações:

– Venho todas as noites cá a casa, onde entro sem cerimónias, pois tenho bastante confiança com os pais de Vanda, minha amiga desde criança e agora minha noiva. Os pais dela, não viam com bons olhos o nosso casamento mas não me impediam as visitas, apesar de a minha noiva me contar que às vezes a admoestavam.

«Hoje, seriam vinte e uma horas, quando Vanda me telefonou, dizendo ter algo de importante para me comunicar. Deixei de lado o trabalho que estava a fazer, e dirigi-me para aqui, utilizando o meu carro».

«Pelo caminho vim pensando, tentando adivinhar porque motivo importante Vanda me telefonara, sabendo que eu no dia seguinte teria que entregar uma crónica na redacção. Por essa razão eu lhe telefonara antes de jantar, a dizer que me não esperasse, pois não poderia abandonar o gabinete de trabalho, salvo em caso especial».

«Quando aqui cheguei, eram vinte e duas horas e vinte. Um «furo» impediu-me de chegar mais cedo. Entrei por uma das portas laterais, que como habitualmente não estava fechada à chave. A luz da rua, que entrava pela porta entreaberta, iluminava o corredor, o suficiente para permitir o avanço. A luz do quarto para onde me dirigia estava apagada, mas ouvia-se a doce melodia de «Blue Gardénia», o que fazia crer que Vanda estava a deliciar-se com a sua música preferida».

«Depois… foi o resto!… Logo que empurrei a porta, vi a horrorosa cena. Corri ao telefone, e avisei a polícia… Não sei como poderei passar sem Vanda, que eu tanto amava!…

Eduardo Rogério, preponderou bem o caso e deu-lhe boa solução, aumentando, assim, a sua popularidade e reputação no meio policiário.

Só mais tarde, os pais de Vanda volitaram do cinema, onde estavam à hora em que a filha morrera.

 

PERGUNTA-SE

Como resolveu o investigador este caso? Por que razão assim concluiu o detective?

 

SOLUÇÃO (em breve)

© DANIEL FALCÃO