Autor Data 1 de Abril de 2024 Secção Competição Torneio
Cultores do Policiário Problema Policiário nº 4 Publicação Blogue Repórter de Ocasião |
EM DIA DE ROMARIA Inspector Moscardo Começara
a festa em honra do santo padroeiro. Domingo, será o dia da procissão. Foguetes
estalam no ar. O padre cuidava do seu “rebanho”, e era perito em recuperar as
“ovelhas” tresmalhadas. Na
praça da aldeia desanuviava-se animadamente. A
banda filarmónica toca no coreto. Jovens, adultos, e idosos, dançam no
arraial. Fogaças
eram sorteadas, pelos presentes. Bebia-se
com alegria. Duas
pessoas faziam por não se encontrar. Porém quanto mais o evitavam, mais se
viam. Separadas pelo fim de uma relação, não queriam reabrir alguma ferida
mal sarada. Dulcineia
não sabia do marido. Já passara a hora a que costumava regressar a casa.
Estaria o Leucádio, a amornar alguma bebedeira, à volta do madeiro? Pernas
a caminho, direito ao adro, núcleo do arraial. Perguntou à vizinha Anastácia,
à Bernardete e à Capitolina, se tinha visto o seu Leucádio. Tinham-no visto,
em grande patuscada com amigos, e onde se encontrava também gente de fora. Assim
que Dulcineia voltou costas, as amigas começaram a comentar entre si, se
seria verdade, o Leucádio andar a arrastar a asa, à filha do comendador que
casara há pouco tempo, e contra a sua vontade, com o guarda-rios. Um
festeiro bem-disposto, cantarolava descontraído. Foi
quando o senhor Regedor acompanhado do agente Gazua, seu convidado, e a quem
devia alguns favores, ao aproximarem-se do grande cepo que ardia, que viram
um corpo caído a um canto, numa poça de lama, feita pelas últimas chuvas. ‒
Mais uma bebedeira ‒ comentou o Regedor. ‒ E o cheiro a licor,
amêndoa amarga ‒ acrescentou. O
agente Gazua chegou-se ao corpo estendido, pegou num braço e mediu a pulsação. ‒
Amigo Regedor, esta pessoa não está apenas embriagada, está morta. ‒
E é o Leucádio. ‒ disse o Regedor. ‒ A
mulher andava à procura dele. O
agente Gazua, chamou o seu ajudante Alavanka que ia
na moina. O
ajudante, comprara umas rifas na quermesse, e desenrolava
os papelitos com cuidado, caminhou para perto dele. ‒
Gazua, olha aqui a mão esquerda, o ato não foi para
o roubar, ainda tem o relógio. Repara nos desenhos na palma da mão, feitos a
esferográfica: O
Regedor aproximou-se também. ‒
São uns binóculos e uma árvore. ‒ disse o
agente Gazua. ‒
Sem dúvida uma mensagem simbólica, desenhada antes da agonia final. ‒
Acrescentou pesaroso o ajudante Alavanka. O
Regedor compenetrou-se, jamais houvera um crime na sua freguesia, mesmo nos
anteriores mandatos, não feitos por ele. ‒
Caro agente Gazua, compreende a gravidade da
situação. É indispensável fazer justiça. ‒
Senhor regedor, enquanto depender de mim e do meu ajudante, o criminoso será
sempre descoberto. Todo este caso, perdoe-me a expressão, até parece ter o
ar, de um problema policial. Mas eu, não sendo propriamente um Sherlock Holmes, nem o Alavanka um Dr.
Watson, já sei quem foi. PERGUNTA-SE: Quem
é o criminoso, que o ponderado Agente Gazua, baseado na pista da mensagem do
finado Leucádio, e outras de que se inteirou, conseguiu identificar? |
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© DANIEL FALCÃO |
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