Autor Data 6 de Maio de 1976 Secção Competição Prova nº 12 Publicação Mundo de Aventuras [136] |
O ROUBO DA MERCEARIA Inspector XZZXZZ O
sol já se tinha levantado e a calmaria reinava na cidade. O sussurro
constante dos carros, parecia já uma abelha gigante que se dirigia para o
ronronar diário, de trabalho. Numa
esquina via-se um carro parado, com matrícula muito antiga. A cor já não se percebia
bem, e as ervas cresciam por todo o lado. Parecia abandonado. Não sei se por
coincidência ou acaso a mercearia do sr. Lopes
tinha sido assaltada essa noite e o inspector M.
A., tendo sido avisado, dirigia-se para lá. Chegando
ao local encontrou o sr. Lopes, perfeitamente fora
de si: –
Calcule que me roubaram seis mil e setecentos escudos, além de vários
isqueiros e outros objectos de valor… –
É muito esquisito, num local como este, mais ou menos sossegado… mas olhe, sr. Lopes, não deu por nada, barulho, portas, objectos a cair das prateleiras?... Não viu ninguém?...
Não reconheceu ninguém?... –
Não faço a mínima ideia. Sabe, todos os meus empregados são de confiança e
acho impossível que tivesse sido um deles, não ouvi mesmo nada, sei que a
porta foi aberta com uma chave falsa e foi mesmo só hoje de manhã que o
soube. Um vizinho meu, o sr. Silva, que mora aqui
em frente, disse-me que ouviu um ruído e que vindo à janela viu um vulto a
fugir numa bicicleta, e por falar nisso, aqui está, sr.
inspector, no chão a marca de uma roda de
bicicleta, está a ver? – na realidade, naquele chão de saibro notava-se
perfeitamente a marca de uma roda de bicicleta. O
inspector, um bocado confuso, mandou chamar o sr. Silva. Este afirmou ter visto um vulto, pelas 5 horas
da manhã, a fugir da mercearia com um saco debaixo do braço, na referida
bicicleta. –
Olhe lá, sr. Silva, então o sr.
não viu bem quem foi? –
Não quero acusar ninguém, mas pareceu-me o rapaz que trabalha aqui na
mercearia: o Luís. A
testa enrugada do inspector ainda mais enrugada
ficou, não sei porquê mas não estava a perceber muito bem. Mandou chamar o
Luís, este afirmou ter dormido em casa de um amigo, que lhe emprestou um
quarto, para que, sempre que ele quisesse, podia ficar lá. O
inspector, desta vez não estava confuso, e
virando-se para o sr. Silva perguntou: –
Tem a certeza que viu um vulto fugir de bicicleta? –
Tenho a certeza absoluta, sr. inspector.
–
Então acompanhe-me e mostre-me a sua bicicleta e em seguida, acompanhe-me até
à Judiciária. O problema está resolvido. E
foi assim que numa pequena cidade enquanto o sol acabava de nascer,
aconteceram coisas imprevisíveis que o inspector M.
A. descobriu. 1
– Quem foi o ladrão? 2
– Como terá o inspector descoberto o ladrão? 3
– Qual foi o processo que o inspector usou para
provar a culpabilidade do ladrão?
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© DANIEL FALCÃO |
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