Autor

Inspetor Boavida

 

Data

3 de Fevereiro de 2025

 

Competição

Torneio do Cinquentenário de “Mistério… Policiário”

Problema nº 1

 

Publicação

Blogue Local do Crime

 

 

Solução de:

SMALUCO E A MORTE DO INSPETOR MESQUITA

Inspetor Boavida

 

O agente Ramiro terá sido muito prudente e comedido na conversa com o velho detetive Smaluco, que involuntariamente acabou por fornecer informação valiosa à Polícia Judiciária para a resolução do caso em apreço. Até ali, a Polícia Judiciária apenas teria o testemunho do vizinho da vítima, que alegadamente não terá assistido a nada, tendo apenas acorrido ao local do crime após ouvir os tiros. Mas, agora, perante os elementos fornecidos por Smaluco, a PJ podia abrir novas frentes de investigação face às declarações suspeitas de Natália Vaz. Esta diz que o alegado assassino puxou de uma arma e que o Mesquita, sentindo-se perdido, desatou a correr para se refugiar atrás de um murete que existe no jardim, mas sem ter tempo, porém, para se esconder. E acrescentou que o assassino, enquanto repetia “canalha, canalha, canalha”, disparou uma, duas vezes, caindo Mesquita no chão. Mas há uma grande desconformidade neste seu relato, uma vez que a vítima foi atingida por duas vezes, sim, mas no peito e na barriga. Ora, se Mesquita ia a fugir do alegado assassino, de costas para este, como é que podia ter sido ele alvejado naquela zona do corpo? O que já teria sido, obviamente, confirmado pelo PJ quando chegou ao jardim. Por outro lado, os vários gritos que Natália Vaz diz terem ecoado na noite, algum tempo antes dos dois disparos que vitimaram o Inspetor Mesquita, não terão sido referidos como ouvidos pelo vizinho que chamou a polícia, o que torna pouco provável a presença no local do crime do homem que ela acusa como autor do homicídio.

Perante isto, alguns homens da Judiciária voltariam naquela manhã ao local do crime para escutar de novo o vizinho quanto à gritaria alegadamente ouvida na véspera e encetar buscas nos canteiros, caixotes de lixo e outros quaisquer lugares recônditos do jardim, no sentido de encontrar vestígios das pessoas que estiveram presentes, bem como, eventualmente, a arma do crime (provavelmente a arma de serviço da vítima) e demais elementos que sejam relevantes para o apuramento dos factos, como luvas e outros meios materiais usados na concretização do crime, cujo local já teria sido com certeza isolado para impedir a contaminação de eventuais provas. Entretanto, seriam destacados outros membros da PJ para casa do detetive Smaluco, acompanhados por um perito forense, a fim de deter Natália Vaz como suspeita de crime de homicídio, não sem antes verificar se existe nas suas mãos e roupa sinais de ter disparado na véspera uma arma de fogo. Por outro lado, seriam consultados os resultados da peritagem anteriormente feita no local do crime, de forma a confirmar se o corpo caíra mesmo junto ao murete no momento dos tiros e não fora deslocado ou remexido pelo atirador ou por qualquer outra pessoa depois de alvejado, para determinar com exatidão a distância e a trajetória dos disparos, bem como o posicionamento dos protagonistas neste crime desencadeado por atos de violência doméstica (a comprovar pela existência de ADN de Natália nas mãos de Mesquita).

© DANIEL FALCÃO