Autor

Jartur

 

Data

Abril de 2004

 

Publicação (em Secção)

O Lidador das Cinzentas [3]

 

 

Solução de:

O TÁXI MISTERIOSO

Jartur

Solução apresentada por Ábaco

Os elementos apresentados no texto levam a concluir, sem margem para dúvidas, que o sr. Mário Barata simulou o roubo das jóias, com o intuito de receber a respectiva indemnização da companhia de seguros.

Indícios da burla:

1 – Estando a chover naquela noite de forma persistente e tendo estado Mário Barata inconsciente durante cerca de uma hora à chuva, não poderia ter-se apresentado ao nosso investigador impecável no seu fato azul; antes encontrar-se-ia completamente encharcado e descomposto.

2 – É extremamente improvável que trazendo um valor muito grande em jóias na pasta, fosse confidenciar esse facto a um taxista desconhecido, mais a mais tratando-se de um negociante de jóias com mais de meio século de vida, portanto com bastante experiência.

3 – Não é normal que, quando acordou e estando ainda num estado de choque, sem saber bem o que lhe tinha acontecido, se tivesse lembrado logo de agarrar a pasta com o lenço, para não fazer desaparecer quaisquer eventuais impressões digitais. Por outro lado, se o motorista tivesse aberto a pasta para lhe roubar as jóias, como afirma que quando recuperou os sentidos agarrou apenas na pasta com um lenço, esta deveria estar ainda aberta (e não fechada), quando chegou a casa de Marcos Dias.

4 – Por outro lado, não é provável que o ladrão perdesse tempo a abrir a pasta para retirar as jóias, mais prático e natural seria simplesmente levar a pasta com ele.

5 – A ansiedade exagerada demonstrada por Mário Barata, de que o investigador prove a existência de roubo para que pudesse receber o dinheiro do seguro, é suspeita. Seria mais natural, tratando-se de jóias raras, que estivesse mais preocupado com a restituição.

6 – Mário Barata indica que o motorista contornou o carro e veio abrir a porta do seu lado, inclinando o encosto do banco anterior que lhe impedia a saída. Esta descrição permite concluir que se tratava de um carro de três portas o que como se sabe não é permitido para os veículos do tipo táxi.

7 – Mário Barata aparece ao detective sem grandes danos físicos; ora, tratando-se de um homem forte seria difícil que a agressão o deixasse simplesmente desmaiado por uma hora. Para ficar inconsciente por tanto tempo, a agressão teria que ser muito violenta, provocando danos muito maiores e, neste caso, não estaria provavelmente tão cedo a contar a história ao inspector.

8 – Também não é verosímil que estando perto da casa do seu amigo César Pelim, não tivesse ido pedir ajuda a este, antes preferindo começar a afastar-se e tomado depois um táxi indicando a morada do investigador; também não se percebe muito bem como dispunha, no momento, da sua morada.

9 – Finalmente, é também suspeito o facto de após ter acordado ter passado um táxi ao fim de relativamente pouco tempo, quando durante o período em que esteve desmaiado, cerca de uma hora, não ter aparentemente passado qualquer veículo, pois ninguém o foi socorrer.

© DANIEL FALCÃO